Rio de Janeiro, 22 de Janeiro de 2025

Paraguai busca solução para instabilidade política

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Sexta, 07 de Fevereiro de 2003 às 15:23, por: CdB

A 80 dias das eleições presidenciais, em 27 de abril, o Paraguai vive um momento de instabilidade política provocado pelas denúncias contra o presidente Luis González Macchi _acusado, entre outras coisas, de andar com um Mercedes brasileiro roubado. A permanência de Macchi na Presidência da República será decidida na terça-feira (11), durante votação no Senado Federal. Para que o presidente seja destituído do cargo, são necessários os votos de 30 dos 45 senadores. Se isso ocorrer, o lugar de Macchi será ocupado pelo presidente do Congresso Nacional, Juan Carlos Galaverna, ex-amigo do presidente paraguaio. Histórico O processo já passou por votação na Câmara, e a decisão final será tomada pelo Senado. Nos últimos tempos, a história de instabilidade política vem se repetindo no Paraguai. Em março de 1999, era González Macchi o então presidente do Congresso que assumia, com apoio popular e político, no lugar de Raul Cubas Grau. "Não se deve descartar a possibilidade de que Macchi renuncie antes da votação", alerta o cientista político Fernando Pfannl Caballero, da consultoria First Analises e Estudos. "Assim, seguiria o exemplo do próprio Cubas Grau, que, após acordo político com o Congresso, conseguiu asilo político no Brasil e escapou do impeachment", acrescenta. Imunidade Caso sofra o impeachment, o atual presidente perderá a imunidade presidencial e terá de enfrentar a Justiça comum, onde estão registradas denúncias de corrupção contra ele. Até a noite de ontem, segundo Caballero, Macchi ainda parecia confiante de que a maioria parlamentar necessária para tirá-lo do poder não seria alcançada. Para o cientista político José Luis Simón, do Centro Paraguaio de Estudos Sociológicos, o Paraguai já vive um perigoso vazio de poder porque não é só o Executivo que está em crise, mas o Judiciário e o Legislativo também. "González Macchi tem funcionado apenas como figura decorativa", observa Simón. "Quando González Macchi assumiu, em março de 1999, tinha 70% de imagem positiva. Hoje, possui 95% de negativa e somente 3% o aprovam", completa o sociólogo Francisco Capli, também da consultoria First. Oviedo Apesar disso, os três analistas concordam que, ao contrário do que ocorreu com Raul Cubas, os protestos pedindo a saída de Macchi ainda não estão nas ruas. O Paraguai vive um longo processo de incertezas, agravado desde 1996, quando o então general Lino César Oviedo, integrante do governo de Juan Carlos Wasmosy, foi acusado de planejar um golpe de Estado. Desde então, Oviedo foi preso, saiu do Partido Colorado _o mesmo de Wasmosy, de Macchi e do atual presidente do Congresso_ e fundou um novo partido. Hoje, ele é considerado um "foragido" da Justiça e está no Brasil, mas seu partido _a União Nacional de Colorados Éticos (Unace)_ é um dos quatro fortes candidatos nas eleições que definirão quem assume a Presidência em agosto. Crise institucional O candidato de Oviedo à sucessão de Wasmosy, Raul Cubas, deu o exemplo que agora pode ser seguido por González Macchi. Cubas era presidente quando seu vice, Luis Maria Argaña, foi morto. O fato causou uma nova crise institucional, que levou o povo às ruas cinco dias depois. Caballero ainda desta que, quando o Congresso estava pronto para votar a saída de Cubas do poder, o então presidente fez acordo com os congressistas, renunciou e pediu asilo no Brasil. Hoje, com autorização da Justiça, Raul Cubas vive preso na fazenda de um irmão no Paraguai. Desde então, González Macchi _à época presidente do Congresso e, hoje, sem vice-presidente_ assumiu o poder com amplo apoio dos partidos políticos (à exceção dos seguidores de Oviedo). Menos de três anos depois e na reta final do mandato de Macchi, a história é reeditada _com o atual presidente no lugar de Raul Cubas. Política e polícia Quando se pergunta de onde surgiram as denúncias contra González Macchi, as respostas mesclam política e polícia. "O departamento de

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