Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2024

Papa diz que não haverá paz enquanto perdurarem opressão e injustiças

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Quarta, 05 de Março de 2003 às 12:06, por: CdB

O Papa João Paulo II disse nesta quarta-feira, durante o rito da imposição das cinzas, com o qual começa a Quaresma, que não haverá paz enquanto perdurarem a opressão dos povos, as injustiças e os desequilíbrios. "Não haverá paz na Terra enquanto se mantiverem as opressões dos povos, as injustiças sociais e os desequilíbrios econômicos que ainda existem. Mas para as grandes mudanças estruturais não bastam iniciativas e intervenções externas, é preciso sobretudo converter os corações ao amor", disse o Papa na homilia feita na Basílica de Santa Sabina, em Roma. João Paulo II disse que o mundo precisa da paz e lembrou ter pedido que todos os fiéis fizessem hoje um dia de preces e jejum "diante das ameaças de guerra que perseguem ao mundo". "Em momentos difíceis, de desgraças ou de perigo, é necessário chamar os fiéis a uma mobilização penitencial", afirmou o Pontífice. Com as preces, os fiéis se colocam "totalmente" nas mãos de Deus, que é o "único de quem podemos esperar a autêntica paz", disse João Paulo II. Com o jejum - acrescentou - os corações se preparam para receber a paz, "dom por excelência". O Papa acrescentou que a prece e o jejum têm de ser acompanhados por "obras de justiça" e que a conversão do homem tem que ser traduzida em amparo e solidariedade. Horas antes, no Vaticano, João Paulo II pediu que fosse evitado "outro dramático conflito para o mundo" (a guerra contra o Iraque), e pediu às partes envolvidas que se comprometam com esse objetivo e insistam no "diálogo" como arma para preservar a paz. Ele expressou sua preocupação diante das "ameaçadoras tensões de guerra que agitam o mundo" e pediu que este dia se traduza em "gestos concretos" de reconciliação. O Pontífice foi hoje, como todas as Quarta-feira de Cinzas, ao Monte Aventino, um dos sete de Roma, para presidir na Basílica de Santa Sabina o rito penitencial da bênção e da imposição das cinzas, com o qual começa a Quaresma. O rito foi realizado entre as basílicas de San Anselmo e Santa Sabina. Até 1994, João Paulo II presidia o procissão que saia do primeiro templo e terminava no outro, ambos sob a custódia dos padres beneditinos. Naquele ano, o Pontífice quebrou o fêmur da perna direita e desde então, para fazer menos esforço físico, ele espera em Santa Sabina a chegada do procissão, da qual participam cardeais, bispos, sacerdotes e muitos fiéis. João Paulo II impôs as cinzas a alguns dos presentes e as recebeu do cardeal Jozef Tomko, arcipreste de Santa Sabina. O Papa disse que o rito das cinzas pode causar estranhamento ao homem atual, por isso é necessário lembrar seu significado. "Pondo as cinzas na cabeça dos fiéis, o sacerdote repete: 'lembra que és pó e ao pó voltarás'. Voltar a ser pó é o que une homens e animais, mas o ser humano não é só carne, mas também espírito e se a carne tem como destino o pó, o espírito tem a imortalidade", afirmou o Papa na homilia. Por ocasião da Quaresma 2003, João Paulo II divulgou uma mensagem denunciando que o afã de lucro é a raiz de todas as doenças e que para combater esse apego exagerado ao dinheiro o tempo da quaresma propõe o jejum e a esmola. O Pontífice disse que não só é preciso privar-se do supérfluo, mas também de "algo mais" e doá-lo aos outros. Em sua mensagem, o Papa denunciou que a época atual é influenciada "infelizmente" por uma mentalidade egoísta e que tanto no ambiente social como nos meios de comunicação as pessoas são perseguidas por mensagens que, aberta ou disfarçadamente, exaltam a cultura efêmera e hedonista. João Paulo II se retirará, no próximo domingo à tarde, para fazer exercícios espirituais no Vaticano, que se prolongarão até o sábado dia 15.

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