Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2024

Palocci antecipa depoimento e é indiciado

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Terça, 04 de Abril de 2006 às 20:05, por: CdB

O ex-ministro Antonio Palocci já prestou depoimento à Polícia Federal e, em seguida, foi indiciado como mandante da quebra de sigilo do caseiro Francenildo Costa. A informação é do advogado de Palocci, José Roberto Batocchio, que teria acompanhado o encontro sigiloso entre o seu cliente e agentes da PF. Batocchio acrescentou que o depoimento aconteceu na residência do ex-ministro, no Lago Sul, em Brasília. Ele negou ter pedido que alguém retirasse extratos da conta do caseiro de uma mansão alugada para festas com prostitutas e encontros furtivos para negócios escusos, que o desmentiu na CPI dos Bingos. Embora o depoimento estivesse marcado somente para a manhã desta quarta-feira, o próprio Palocci preferiu depor nesta terça e negar, inclusive, que tenha divulgado ou pedido para alguém divulgar dados sigilosos da conta de Francenildo.

- O ministro nega veementemente a quebra de sigilo e nega que em algum momento passou qualquer informação acerca do extrato do caseiro Francenildo Costa - disse Batochio a jornalistas.

Antes um dos homens mais poderosos do Planalto, Palocci é hoje suspeito de ter pedido ao ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso que verificasse depósitos inconsistentes na conta do caseiro. A quebra de sigilo aconteceu logo depois do desmentido, perante deputado da CPI dos Bingos, quando ele afirmou ter visto, várias vezes, o ministro na casa onde trabalhava. O fato é que a conta bancária do caseiro, que ganhava um pequeno salário, vinha recebendo depósitos vultuosos, no total de R$ 35 mil. Esta informação chegou à revista Época e foi atribuída a uma série de pagamentos feitos por oposicionistas para incriminar o ministro.

Francenildo, porém, provou que os recursos vieram de seu pai biológico, que não pode assumir a paternidade por questões familiares. Em seguida, o caseiro pediu explicações sobre a quebra de seu sigilo bancário e chegou a ser ameaçado com um processo mas, diante das evidências, pediu que um processo fosse instaurado contra a CEF. Em menos de uma semana caíram o então presidente da Caixa, Jorge Mattoso, e o ministro da Fazenda.

Palocci explicou à PF, segundo seu advogado, que não recebeu o extrato bancário do caseiro do então presidente da CEF. Mattoso fora a casa dele, no dia em que o sigilo bancário foi violado, na realidade, apenas para uma reunião interrompida anteriormente por problemas de agenda do então ministro. Na agenda estaria a expansão da Caixa para os EUA e o Japão. Nessa mesma ocasião, Mattoso teria lhe entregue o extrato bancário do caseiro, mas o então ministro preferiu não analisar o documento imediatamente. Segundo agentes federais, no entanto, já existem indícios suficientes para indiciar Palocci pela quebra do sigilo bancário.

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