Os números macroeconômicos negam, mas o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, segue otimista. Ele insiste que a pior fase da economia já ficou para trás.
Por Redação - de São Paulo
O desemprego sustenta-se nos níveis mais altos desde o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), em cerca de 14 milhões de brasileiros sem trabalho. Comércio e Indústria patinam nos degraus mais baixos da produção, em mais de 20 anos. O descrédito do governo imposto após o golpe de Estado, em Maio de 2016, aumenta cotidianamente.
Ainda assim, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou em entrevista publicada por um dos diários conservadores paulistanos, neste sábado, estar “cada vez mais evidente” que o pior da crise econômica do Brasil ficou para trás.
Dúvida cruel
A dúvida da autoridade monetária, neste momento, é se a recuperação será gradual ou mais intensa.
— Eu diria que está cada vez mais evidente que o pior ficou para trás, e a economia estabilizou. A dúvida é o ritmo de recuperação. É gradual, ou será mais forte? É nisso que nós estamos pensando agora. Há um ano, todos imaginavam que a economia brasileira poderia voltar a crescer a partir do aumento de confiança, que geraria investimentos, renda e consumo — disse Goldfajn, segundo o jornal.
Para Goldfajn, “o emprego seria o último a se recuperar. Essa ordem está um pouco diferente”.
— A inflação caiu mais rápido do que se imaginava. Inflação baixa gera aumento de salário real, que gera consumo, e a economia começa a se recuperar. Essa é uma hipótese. A outra é (a liberação das contas inativas do) FGTS, que pode ter dado um alento — acrescentou.
Reformas
No início do mês, em entrevista durante o seminário Reuters Latin American Investment Summit, Ilan afirmou que a recuperação do mercado de trabalho estava vindo “um pouquinho mais rápida”. Mas que esse movimento já estava contemplado no cenário do BC, que também considera o crescimento econômico e o retorno do consumo e dos investimentos.
Na entrevista ao diário paulistano, o presidente do BC afirmou ainda que acredita que as incertezas sobre a economia melhoraram desde maio - mês da delação dos irmãos Batista que envolveram o presidente Michel Temer - diante da aprovação da reforma trabalhista e do andamento da nova política de juros do BNDES.
— As reformas geram mais conforto para a política monetária de longo prazo. Uma taxa [de juros] estrutural que permite chegar à meta de inflação de forma sustentável. E quanto menor (a taxa) for, melhor — concluiu Ilan.