Grupo de trabalho das Nações Unidas confirma parecer de que detenção do fundador do Wikileaks é arbitrária e que ele deveria poder deixar a embaixada do Equador em Londres
Por Redação, com DW - de Londres: O Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária da ONU confirmou nesta sexta-feira seu julgamento de Julian Assange, fundador do site Wikileaks, foi "detido arbitrariamente" pelo Reino Unido e pela Suécia. Segundo o grupo, o australiano deveria ter permissão para sair livremente da embaixada do Equador em Londres e ser indenizado pelos três anos e meio em que ficou recluso. Assange vive na representação diplomática equatoriana desde junho de 2012, para evitar um processo por crimes sexuais na Suécia e uma extradição aos Estados Unidos. No país, o australiano poderá ser processado por ter revelado documentos secretos de Washington sobre questões de segurança, além de comunicações diplomáticas no Wikileaks, em 2010. Tanto o Reino Unido quanto a Suécia negaram que Assange tenha sido privado de liberdade, ressaltando que ele entrou na embaixada voluntariamente. O fundador do Wikileaks apelou à ONU alegando ser um refugiado político cujos direitos haviam sido infringidos por ter sido impedido de receber asilo no Equador. A decisão do grupo da ONU, que não é vinculativa, já havia sido anunciada pelo Ministério do Exterior da Suécia na quinta, mas foi divulgada oficialmente somente nesta sexta-feira, num documento de 18 páginas. – O Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária considera que as várias formas de privação de liberdade às quais Julian Assange foi submetido constituem uma forma de detenção arbitrária – disse o líder do painel, Seong-Phil Hong, em comunicado. – O grupo sustenta que a detenção arbitrária de Assange deveria ser encerrada, que sua integridade física e liberdade de movimento deveriam ser respeitadas e que ele deveria ter direito à indenização – prosseguiu. Antes da decisão na ONU, Assange afirmou que esperava ser tratado como um homem livre caso o grupo de trabalho decidisse a seu favor e que, caso contrário, se entregaria à polícia britânica. "Caso eu vença e se conclua que os países (Suécia e Reino Unido) atuaram ilegalmente, eu espero a devolução imediata do meu passaporte e a rescisão de novas tentativas de me prender", escreveu no Twitter. Apesar de a decisão não ser vinculativa, o grupo de trabalho da ONU costuma ser considerado um bom árbitro do direito internacional. – O comunicado do grupo de trabalho não tem impacto formal sobre a investigação atual, de acordo com a lei sueca – disse Karin Rosander, porta-voz da Procuradoria da Suécia. O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse não ser claro que impacto "um pronunciamento da ONU teria sobre a situação". Assange, de 44 anos, nega as alegações de abuso sexual na Suécia, afirmando que a acusação é uma trama para levá-lo aos Estados Unidos. Autoridades suecas desmentem tais planos.