Secretário de Assuntos Humanitários das Nações chama atenção para escalada da violência na República Centro-Africana e pede que milícias planejam limpeza étnica
Por Redação, com DW - de Genebra:
A República Centro-Africana corre o risco de mergulhar numa crise humanitária ainda mais profunda se a comunidade internacional não responder à crescente violência, alertou, na segunda-feira, o secretário de Assuntos Humanitários das Nações Unidas, Stephen O'Brien. Há risco, segundo ele, de um genocídio.
– A violência está se intensificando, perigando repetir a crise destrutiva e devastadora que assolou o país há quatro anos – diz O'Brien em um relatório especial da ONU. "Os primeiros sinais de genocídio já se apresentam. Temos que agir agora."
A violência sectária vem abalando o país desde 2013, quando uma aliança de grupos rebeldes de maioria muçulmana. Conhecida por Seleka, derrubou o então presidente François Bozizé.
O levante desencadeou represália das milícias anti-Balaka, compostas por grupos cristãos e animistas. Embora os esforços para estabilizar o país tenham mitigado a violência no período que se seguiu ao golpe; os combates se acirraram nos últimos meses.
Em maio último, confrontos entre grupos armados deixaram cerca de 300 mortos e 100 mil deslocados, marcando a pior escalada de violência desde a queda do governo Bozizé.
– Não podemos subestimar a disseminação perigosa de grupos militares na República Centro-Africana. Alguns dos quais com a intenção de uma limpeza étnica – revela O'Brien.
Crise
O secretário de Assuntos Humanitários diz que não se poderá lidar adequadamente com a crise na República Centro-Africana (RCA) enquanto a missão da ONU estiver subfinanciada. Segundo ele, somente 24% dos 497 milhões de dólares solicitados para este ano foram repassados para a missão na RCA.
– O risco real é muito, muito pior, enquanto grupos étnicos e religiosos de combatentes devastam vilarejos, exterminando pessoas de outras etnias e religiões – aponta O'Brien.
A Missão das Nações Unidas na República Centro-Africana (Minusca) engloba 12.870 militares e policiais. O seu mandato vai até 15 de novembro.