De acordo com o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores do Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindimotoristas), 17 mil ônibus pararam, e 55 mil trabalhadores aderiram ao movimento
Por Redação, com ABr - de São Paulo:
Os ônibus voltaram a circular na capital paulista, depois de motoristas e cobradores ficarem paralisados por duas horas para protestar contra o aumento de 2,31% oferecido pelas empresas de ônibus. A proposta é menos da metade do que eles pedem: 5% de aumento real mais a inflação. A paralisação começou às 10h, terminou ao meio-dia e abrangeu os 29 terminais da cidade. Aqueles que não estavam nos terminais pararam nos corredores de circulação.
De acordo com o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores do Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindimotoristas), 17 mil ônibus pararam, e 55 mil trabalhadores aderiram ao movimento.
A categoria espera que as empresas e a prefeitura negociem novamente esse percentual e aumente o valor da proposta. Caso não sejam atendidos, pretendem fazer uma nova paralisação amanhã, das 14h às 16h, e se não houver resultado decidirão em assembleia na próxima sexta-feira se farão greve.
– Na última rodada de negociação, os patrões ofereceram essa proposta vergonhosa e nós jamais vamos aceitar isso. A prefeitura está em negociação com os empresários que colocam obstáculos para que se chegue a um acordo com o sindicato, mas nós não devemos pagar por esse impasse. Nós não temos nada a ver com a crise. A crise não se mistura com o bolso do trabalhador – disse Romualdo Santos Moraes, um dos representantes do Sindimotoristas.
Moraes ressaltou que os trabalhadores não pretendem prejudicar a população e, por esse motivo, resolveram fazer a paralisação fora o horário de pico. “Defendemos uma categoria. A população votou no prefeito. Nós jamais queremos prejudicar o cidadão que foi informado e tem que entender que também somos pai de família e temos que correr atrás dos nossos direitos”, explicou.
A diarista Maria Elen Santos disse que foi prejudicada e corre o risco de perder o dia de trabalho. Ela mora na zona Leste da cidade e trabalha no bairro de Moema, Zona Sul. “Tinha que chegar às 11h. Já andei mais da metade do caminho e, se não for assim, vou ter que compensar outro dia. Gastei dinheiro hoje e vou ter que gastar outro dia novamente. Agora não sei o que faço.”
A doméstica Valdete Maria dos Santos Souza voltava para casa depois de ir ao médico e estava dentro do ônibus. "Quando entramos no terminal eles mandaram descer e esperar até meio-dia", disse. Ela contou que mora longe, e a filha não pôde buscá-la porque está trabalhando. “Tenho problema de saúde e não posso ficar aqui esse tempo todo. Mas não tenho outra alternativa para voltar para casa, porque não posso pagar um táxi.”
A auxiliar de limpeza Ceci Ferreira também voltava de uma consulta médica, quando precisou descer do ônibus e para esperar o final da paralisação, mas entende a necessidade dos trabalhadores, apesar de acreditar que a população não deva ser prejudicada. “A população não tem culpa, mas eles têm seu direito também. Aumenta a passagem e não aumenta o salário e os benefícios? Sobra para eles e para nós também.”
Sindicato
O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss) disse, por meio de nota, que considera desnecessária a manifestação, mesmo em horário de menor movimentação de passageiros. "As empresas associadas ao SPUrbanuss encaminharam aos empregados uma proposta de reposição salarial e de reajuste do tíquete refeição, além da manutenção das cláusulas sociais. Foi a proposta possível, diante de um quadro de recessão econômica, aumento dos insumos do transporte público e queda da demanda de passageiros, com a consequente queda da arrecadação tarifária pela Prefeitura de São Paulo", informou.
O SPUrbanuss destacou que as negociações ainda não foram encerradas. "As empresas associadas ao SPUrbanuss estão fazendo todos os esforços para conduzir essas negociações a um resultado positivo para todas as partes e espera que a categoria dos operadores entenda o momento econômico que o país e, principalmente, a cidade de São Paulo enfrentam e não cause prejuízos à população."
A prefeitura foi procurada, por meio da SPTrans, mas ainda não se manifestou.