A Petrobras espera chegar a 2010 com capacidade de oferta de gás natural da ordem de 100 milhões de barris por dia, dos quais 65% da produção própria companhia e 35% importados da Bolívia. Para isso, a empresa planeja investir no próximos anos US$ 16 bilhões - US$ 8,8 bilhões na produção e US$ 5 bilhões na área de infra-estrutura de transporte do produto e na distribuição e desenvolvimento.
As informações foram dadas pelo diretor de Energia e Gás da petrolífera brasileira, Ildo Sauer. Segundo ele, a Petrobras tem um vigoroso programa de investimentos na área de gás natural no Brasil com vistas a reduzir a dependência do produto importado.
- Isto implica também investimentos nos próximos 10 anos de US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões em projetos de desenvolvimento da produção de gás natural na Bacia de Santos. Para ter uma exata noção da importância desse crescimento, basta lembrar que no ano passado o volume de gás vendido ao mercado esteve situado entre 40 e 42 milhões de metros cúbicos por dia, portanto uma expansão na oferta de mais de 100% - disse Sauer.
O diretor procurou deixar claro porém, que a petrolífera não dispõe de um "sistema de atendimento obrigatório da demanda" como no setor elétrico - onde o consumidor não tem alternativa. O gás apenas ocupa um espaço no mercado de combustíveis, onde é competitivo ou onde tem vantagem ambiental.
- Não existe essa idéia de que tem uma demanda fixa que tem que ser atendida a qualquer preço e a qualquer custo. O que existe é um mercado que é desenvolvido de acordo com a sua rentabilidade - disse.
Ele lembrou que a Petrobras não detém o monopólio da produção ou da distribuição do gás natural:
- É um mercado inteiramente livre e competitivo, havendo já outros atores atuando no Brasil - embora em menor escala. A legislação atual permite, e dá todas as garantias, investir em todas as fases da cadeia: exploração prospecção, transporte. É um mercado aberto e desenvolvido sobre o regime de risco e que visa à rentabilidade - que é também o que busca a Petrobras.
Segundo Sauer, as projeções de uma oferta de 100 milhões de metros cúbicos de gás até 2010 levam em conta a expectativa da rentabilidade da companhia. "A demanda que nós esperamos é esta ai. Um crescimento anual do consumo da ordem de 10% até 2010. É o que nós achamos que pode ser atendido com rentabilidade. Agora é bom que se lembre que o gás é um produto competitivo que disputa espaço com outros produtos derivados do petróleo, como a gasolina e o diesel".
O Brasil importa atualmente entre 24 e 30 milhões de metros cúbicos diários de gás natural da Bolívia, o que corresponde a cerca de 50% da demanda interna.