Que importância pode ter a vitória de Evo Morales na eleição deste domingo? Neste momento circulam pesquisas que não podem ser divulgadas localmente, mas que correm de boca em boca, multiplicadas pela casa que funciona como coordenação central da campanha do MAS, que indicam que o candidato do partido se aproxima dos 50%. Algumas pesquisas indicam 45% contra 22% de Quiroga, outros dizem que a proximidade da metade mais um dos votos é maior ainda.
Considerando que nas eleições anteriores Evo Morales subiu extraordinariamente na fase final - "ajudado" pelas declarações desastradas do então embaixador dos EUA na Bolívia, é certo - e que a margem de indecisos e dos que até aqui afirmaram que votariam em branco ou nulo é significativo, de cerca de 20% e que o favoritismo do candidato do MAS é reiterado por toda a imprensa, podendo assim atrair votos, não é impossível que Evo seja eleito no primeiro turno. Estranhamente as pesquisas mantiveram quase que os mesmos resultados nas últimas semanas, em um país não tão acostumado a esse tipo de investigação. Pode-se imaginar que houve mudanças nesta fase final, ainda que fosse o debilitamento do candidato do MNR, situado em terceiro lugar, e dos outros candidatos sem possibilidade de chegar ao segundo turno. As pesquisas paralelas indicam uma subida de Evo da casa dos 34% para a dos 45%, com Quiroga diminuindo e os outros estacionados. A expectativa é grande, mas tende a se frustrar, em parte porque a apuração demorará várias semanas, especialmente se faltarem alguns pontos para que Evo chegue ao objetivo de triunfar no primeiro turno. Poderia dar-se a desistência dos outros candidatos, diante de uma diferença clara a favor do candidato do MAS.
Socialista
Evo Morales nasceu em 27 de outubro de 1959 - tem 46 anos - em Isallavi, no cantão de Orinoca, no departamento de Orugo, com o nome de Evo Morales Ayma, como um de sete irmãos de uma família aymara. Na comunidade em que nasceu, não havia serviços fundamentais como luz, água, esgoto, seus pais, Dionísio Morales Choque e Maria Ayma Mamani, viviam da agricultura e da criação de lhamas. Quatro dos irmãos de Evo morreram, sobrevivendo até aqui 3 deles.
Evo estudou, jogou futebol e aprendeu música. Formou-se no colégio Béltran Ávila, de Oruro, fez o serviço militar e depois foi viver na região do Chapare, junto com seus pais, onde trabalhavam na produção de frutas. AS duras condições de vida da sua família e do seu meio foram levando Evo a tomar consciência social da situação dos indígenas, sendo ele mesmo vítima da discriminação e da repressão, por ser cocaleiro. Começou a participar da atividade sindical em 1983, quando foi nomeado secretário de esportes de seu sindicato, em Porto São Francisco. Em 1988 assume a secretaria executiva da Federação do Trópico, envolvendo-se cada vez mais com a atividade sindical. Defende a defesa dos recursos naturais, a defesa dos direitos humanos e a luta pela justiça social, com referencias de sua atividade política, ascendendo do sindicato à federação e à presidência das 6 federaçõs de Cochabamba, onde conhece grande parte dos trabalhadors mineiros da década de 1970-80, que buscavam refúgio e trabalho na região do Chapare, de quem apreende a experiência histórica do movimento mineiro boliviano.
A partir de 1990 Evo participa da Central Operária Boliviana, passando a incorporar as posições estratégicas da direção da COB, de tomada do poder pela aliança operário-camponesa. Se aproxima mais dos dirigentes dos sindicatos cocaleiros, quando começa a se colocar, junto a outros militantes, a necessidade de criação de uma organização diretamente política, quando fundam o Instrumento Político pela Soberania dos Povos - IPSP. Não conseguem registrar legalmente a organização, mas Evo entra ao Movimento ao Socialismo (MAS) e em 1997 é eleito para o Parlamento, onde se enfrenta aos partidos tradicionais - MNR, MIR, ADN e outros - que terminam expulsando-o do Congres