Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

O jeito é morrer mesmo e esperar a boa vontade alheia

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Terça, 10 de Fevereiro de 2004 às 06:49, por: CdB

A mostra Cinema no Parque, que acontece em São Paulo e enaltece os 450 anos da cidade, resolveu voltar a trás e exibir o fundamental Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla. Ele passa no parque da Luz, onde diversas cenas do filme foram rodadas (inclusive uma com Candeias). Mas é meio cínico passarem o filme agora, após terem o boicotado alegando muita violência. Além da exibição, o cinéfilo carioca que se dispor a "dar uma chegada" lá, vai conferir uma exposição de fotos das filmagens (pouco se viu de muitas dessas fotos nos últimos 30 anos). Para completar, vão anunciar a criação de um centro cultural em homenagem a Sganzerla, que também vai ser no parque da Luz. No evento ainda vai ter um show após o filme. Por que não fizeram isso enquanto o homem estava vivo? No ostracismo durante anos, com dificuldades para finalizar seu Signo do Caos, que levou quase seis anos para ficar pronto, teria sido muito mais fácil fazer isso tudo antes. Detalhe, o montador do Bandido da Luz Vermelha, o indispensável Silvio Renoldi, morreu há uns dias atrás. Ninguém fala nada a respeito? Se não fosse por ele, talvez nunca veríamos o Bandido e mais uns outros filmes aí do jeito que são. Ele certamente não vai ganhar um centro cultural. Profissão ingrata essa de montador. Outros nomes como Nelo Meli, Rafael Justo Valverde e o ainda vivo Mauro Alice, conhecem bem o que é ostracismo e o não reconhecimento de seus feitos. O último montou o famigerado Carandiru, e não está exatamente chovendo trabalho em sua horta desde então.        
 
A reedição de Me Segura Qu´Eu Vou Dar um Troço, um marco da contracultura literária, escrito pelo genial e também falecido recentemente, Wally Salomão, está sendo lançada pela editora Aeroplano. Também já era hora de revermos a obra desse grande homem de cultura. Que tal agora relançar também O Gigolô de Bibelôs, que inexiste até em bons sebos. Em tempo: quem mais poderia ser a editora responsável por falta tão grave? Brasiliense.    

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Edições digital e impressa
 
 

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