Rio de Janeiro, 21 de Janeiro de 2025

Noite de <i>outras coisas</i> parte II - o retrato do rock jovem quando antigo

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Terça, 07 de Setembro de 2004 às 15:37, por: CdB

Rock é rock mesmo. Plano Cultural já se referiu ao Cachorro Grande desse modo em uma edição passada. Hoje publicamos a segunda parte da matéria sobre a noite Cachorro Grande/ Lobão no Circo Voador no último final de semana. Segue a entrevista feita com o vocalista dessa banda gaúcha, Beto Bruno, horas antes do show (o terceiro da banda no Rio). A banda passa por seu maior momento: está se mudando para São Paulo e vai estar no novo disco do Lobão, na música Agora é tarde
 
Como têm sido os shows por aqui?
A primeira vez que a gente veio na real foi no meio da turnê do primeiro disco. Da primeira pra segunda teve uma diferença incrível né? Porque na primeira a gente tocou num barzinho e na segunda a gente tocou no Cine Íris. E a galera impressionou porque 10 dias depois do disco estar nas bancas já tinha um pessoal na frente do palco cantando as músicas do novo disco. Tu sai lá de Porto Alegre vem tocar no Rio de Janeiro e tem uma galera cantando suas músicas. Nós não somos ricos, saca? Mas eu não conheço prazer melhor do que o que aconteceu ali.
 
Vocês tiveram um começo complicado, problemas com gravadora...
É uma dificuldade que toda banda pequena tem. Nosso primeiro disco foi gravado com o maior carinho - o primeiro disco fica pra sempre -, mas a gravadora faliu.
 
Stop Music...
Olha o nome, cara? É pra acabar com uma banda. E daí o disco não teve distribuição. Quem acabou conhecendo o disco fora do RGS foram músicos, tipo o Lobão, pessoas que conectavam na internet, conheciam o clipe, uma música. Mas pra São Paulo e pro Rio, que são lugares que tinham que chegar o disco, não chegou. Acontecia de ir lá uma banda qualquer que confiava numa loja e comprava uma caixa e distribuía para os amigos aqui no Rio. Quando a gente veio tocar aqui na primeira vez a galera ainda não tinha ficado ligada.
 
Numa conversa recente com o cineasta Jorge Furtado ele mencionou o regionalismo da cultura gaúcha e o fato de bandas ficarem conhecidas só no Rio Grande do Sul.
Tem os dois lados da coisa. A gente sempre vai sentir um pequeno preconceito de São Paulo, do Rio de Janeiro. Não sei se é do público, às vezes começa pelas bandas até. Por exemplo "os caras vêm aqui tocar na minha cidade". Agora ta rolando que a gente vai morar em São Paulo e já estou sabendo que tem bandas que tipo estão "os caras vão vir agora morar aqui?". Saca? Tem um pequeno preconceito com isso. Tem um preconceito de público, talvez por não conhecer mesmo. Muita gente fala "eu não conheço", "os caras são iguais aos Beatles", "ah, lá no Sul é tudo assim". Não sabe que lá é frio? Que a gente usa terno porque é frio? E também tem o lado gaúcho da coisa que é o lado que eu concordo plenamente, que é bairrista também. Talvez por sofrer essa conseqüência. Mas eu não acredito que alguém esteja fazendo alguma coisa só voltada para o Sul. Porque a galera pensa em sair de lá. Tem uma hora em que fica pequeno pra nós. Não tem mais o que a gente fazer lá. A gente já tocou em todos os lugares, já fizemos todos os programas de TV que tinha que fazer, e se a gente ficar só nisso, não vai crescer.
 
Mas o que você acha do cenário atual do rock brasileiro?
Talvez o Brasil tenha um lance das coisas acontecerem aqui dez anos depois. O funk-metal, skate rolava há dez anos lá fora e agora está começando aqui. Começou a aparecer bandas com guitarras distorcidas que não é heavy metal, que é uma coisa que os grunges faziam há 15 anos... O Brasil tem só isso, é um pouco atrasado. Agora estão começando a entender o Oasis, por exemplo, que era taxado pela mídia, taxado pelo público.
 
Você curte?
Eu sou fã. Acho que eles são rock n' roll e o rock é aquilo ali. Eles não têm que mudar para parecer novo. É universal. Aqui no

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