A China, ansiosa por convencer a Coréia do Norte a retomar as negociações sobre seu programa nuclear, disse na quinta-feira que a recente visita do primeiro-ministro norte-coreano, Pak Pong-ju, ao país não havia se traduzido em nenhum avanço rumo à solução do impasse atual.
Mas Liu Jianchao, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, pediu por paciência e flexibilidade, afirmando que a Coréia do Norte está comprometida com o processo de negociação.
Segundo Liu, porém, as "profundas desconfianças" alimentadas entre os norte-coreanos e os norte-americanos continuam a ser um grande obstáculo às negociações.
- Essa visita não significou nenhum avanço rumo à retomada das negociações que envolvem seis países - afirmou o porta-voz.
- Esperamos que os dois lados tenham paciência, mostrem-se discretos e adotem medidas construtivas para reabrir o processo - disse Liu a respeito dos EUA e da Coréia do Norte.
Os norte-coreanos vêem-se pressionados a retornar à mesa de negociações. Na quarta-feira, o presidente dos EUA, George W. Bush, pediu o reinício das discussões "para o bem da paz e da tranquilidade".
A China, de onde vem mais da metade das doações de alimento e de combustível recebidas pela Coréia do Norte, tem grande influência sobre o país vizinho. Mas os comentários de Liu mostram que os encontros de Pak com o presidente chinês, Hu Jintao, e o premiê chinês, Wen Jiabao, não haviam produzido qualquer avanço.
Os dois lados, porém, mostraram-se comprometidos com o prosseguimento do diálogo. Pak convidou Hu para visitar a Coréia do Norte, disse Liu.
- "Os dois lados farão consultas recíprocas para acertar os detalhes da visita - afirmou.
Na terça-feira, Pak disse ao premiê chinês que seu país não era contrário a uma quarta rodada de negociações e que poderia retornar ao processo no tempo certo.
Mas a Coréia do Norte também exigiu que os EUA peçam desculpas por ter classificado o governo norte-coreano de um "posto avançado da tirania" antes da retomada das negociações.
A visita de Pak não tratou apenas da questão nuclear. Na qualidade de coordenador das reformas econômicas realizadas pela Coréia do Norte, o premiê viajou na quinta-feira para Xangai, um centro financeiro da China, para ver de perto as reformas implementadas ali.
O fato de Pak ter dado atenção às reformas econômicas realizadas pela China pode ser um sinal de que a Coréia do Norte pretende realmente introduzir mudanças em seu sistema de produção.
No final dos anos 1990, o colapso da União Soviética e dos aliados europeus dos norte-coreanos, somado a vários desastres naturais e a quebras de safra, provocaram uma grande falta de alimentos no país. Mais de 1 milhão de pessoas teria morrido de fome ali.
Não houve avanço em negociações com Coréia do Norte, diz China
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Quinta, 24 de Março de 2005 às 08:40, por: CdB