O Festival do Rio movimentou a cidade por duas semanas exibindo mais de 300 filmes distribuidos em 20 mostras, duas delas inteiramente dedicadas aos musicais. Esse gênero, que teve seu auge nos anos 50, pareceria morto há 20 anos, mas na chegada do novo século ele ressurgiu das cinzas com produções como o vencedor do festival da Cannes "Dançando no Escuro" e o último vencedor do Oscar "Chicago".
Durante o festival na mostra "Na Trilha dos Musicais" foram trazidos filmes da década de 70, com a excessão de "A Noviça Rebelde" produção de 1965. Já a mostra "O Bonequinho Viu", que exibi filmes na praia de Copacabana, foram mesclados filmes antigos e mais recentes como "Minha Bela Dama", de 1964, e "O Rei Leão", de 1994. Mesmo exibindo filmes que tem décadas de existência, algumas sessões dessas mostras figuram entre as de maior público do festival.
É interessante notar que dos 11 musicais trazidos apenas cinco deles foram bem nas bilheterias e somente um, "A Noviça Rebelde", se transformou em estrondoso sucesso que salvou o estúdio Fox da falência nos anos 60. A maioria dos filmes exibidos nas sessões de meia-noite no cinema Odeon, no Centro, foram grandes fracassos, como "Hair". Lançado em 1979, baseado em uma das peças de maior sucesso mundial da década de 70, a adaptação para a grande tela feita por Milos Forman foi massacrada pelas críticas e desprezada pelos admiradores da peça. Incrivelmente, 24 anos depois sua exibição no festival do Rio foi bastante disputada, com direito a confusão na entrada e tudo.
As exibições foram feitas ou na praia ou em sessões no cinema Odeon, no Centro. As de meia-noite foram as mais disputadas, já que a organização do festival anunciou que todos os filmes seriam exibidos em cópias restauradas com legendas em português nos diálogos e em inglês nas músicas. A idéia era fazer sessões interativas em que o público cantasse com os filmes, mas logo na primeira sessão, do clássico "A Noviça Rebelde", o público carioca mostrou que as sessões não seriam tão animadas como fora planejado. As pessoas cantaram, mas baixinhos, e as tentativas de animar a sessão foram encerradas com um grito de "cala a boca, queremos ver o filme".
A única sessão que chegou mais perto da interação esperada foi a do cult "Rocky Horror Picture Show". O filme tem uma história sem pé nem cabeça entrecortada por boas musicas. No mundo todo existem exibições interativas deste filme, são tão populares que os personagens de "Fama", outro musical da mostra, vão ao cinema dançar e cantar com Susan Sarandon, no começo de carreira, e Tim Curry, vestido de salto alto e cinta-liga.
A mostra "Na Trilha dos Musicais" foi um sucesso absoluto, com sessões lotadas, mesmo as de 14h30, com o público tímido é verdade, mas presente. A interação não foi como esperada mas o público não chegou a ficar calado no cinema, cantava, mas em uníssono, em coro, baixinho, como que para não atrapalhar os atores na tela.
Musicais encantam público do Festival do Rio
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Quarta, 08 de Outubro de 2003 às 20:22, por: CdB