Equipes de resgate continuam procurando freneticamente por sobreviventes do terremoto no Paquistão, cujo número oficial de mortos subiu nesta segunda-feira para mais de 20.000. Autoridades disseram que outros milhares de corpos podem estar soterrados.
Mais de 2.000 pessoas podem ter morrido na Caxemira indiana, disse uma fonte governamental. O destino de 10.000 pessoas que vivem nas montanhas é ignorado até o momento, já que muitos vilarejos estão inacessíveis, disse à Reuters Naeem Akhtar. Foram registrados saques na cidade paquistanesa de Muzaffarabad, quase totalmente destruída pelo terremoto de magnitude 7,6, no sábado, e onde faltam alimentos, remédios e água.
- Eles perderam tudo, não têm roupas, comida, nada - disse Asim Butt, morador da cidade de 100.000 habitantes. De acordo com ele, as pessoas começaram a saquear lojas.
Os militares dos Estados Unidos no Afeganistão, vizinho do Paquistão, disseram que mandaram oito helicópteros que estavam sendo usados na guerra contra militantes islâmicos para ajudar nas operações de emergência, e outras ofertas surgiram do mundo todo.
Agências de ajuda disseram que mais de 120.000 pessoas precisam com urgência de abrigo e que até 4 milhões podem estar desabrigadas. Equipes de ajuda ainda não chegaram a muitas aldeias remotas, e autoridades afirmam que o número de mortos provavelmente subirá além dos 19.400 já reconhecidos no Paquistão.
Autoridades da fronteira noroeste do país e da Caxemira paquistanesa disseram que o número total de mortos pode chegar perto de 40.000. Muitos dos 40.000 feridos ainda não receberam tratamento médico depois do terremoto mais forte no sul da Ásia em um século.
Muzaffarabad, que já foi uma bela cidade à beira de um rio, é a capital da Caxemira paquistanesa. Virtualmente todos as construções foram destruídas ou danificadas e alguns corpos ficaram jogados nas ruas. Milhares de moradores dormiram em lugares abertos - alguns em meio a ruínas ou em carros - na noite fria e chuvosa de outono, mas pelo menos em segurança em caso de novos tremores secundários.
Muitos sobreviventes reclamaram da demora dos serviços de emergência no pior desastre natural da turbulenta história do Paquistão desde sua criação, em 1947.
- As pessoas estão desprotegidas. Minha casa está completamente destruída. Dois corpos ainda estão lá - são meus parentes- disse Raja Iftikhar, repórter de jornal que mora em Muzaffarabad.
Mais de 48 horas depois da tragédia, a ajuda oficial está apenas começando a chegar à cidade de Balakot, também duramente atingida. Muitas crianças morreram em duas escolas da cidade destruídas pelo terremoto.
O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, apelou por ajuda estrangeira. Ele pediu barracas, cobertores, helicópteros de transporte e remédios. Mais equipes de resgate mundiais foram enviadas nesta segunda-feira. Grupos da Turquia, China, Grã-Bretanha e Alemanha já estão no Paquistão.
- Sabemos que cada hora conta em um terremoto dessa magnitude - disse Jan Egeland, coordenador de emergência da ONU. Cerca de 50 pessoas, incluindo 14 estrangeiros, ainda estão soterradas pelos escombros de dois prédios de apartamentos na capital, Islamabad, onde equipes chinesas, turcas e britânicas trabalham com a ajuda de cães farejadores.
Entre os estrangeiros, há uma família iraquiana de quatro pessoas, uma mãe sueca com três filhos, dois italianos, um egípcio, um espanhol e um japonês, disseram autoridades. Mais de 25 corpos já foram retirados.
Anthony Thomas, da equipe de resgate britânica Rapid UK, disse que foi tomada a decisão de usar máquinas pesadas para apressar o trabalho, apesar do risco a possíveis sobreviventes.
- Se houver alguém no prédio, poderá ser morto. É uma decisão muito difícil, mas é uma decisão de vida ou morte que alguém precisa tomar - disse.
Mortos no Paquistão chegam a 20 mil e número deve crescer
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Segunda, 10 de Outubro de 2005 às 08:14, por: CdB