Morto na manhã deste domingo, será sepultado em Campo Grande o ambientalista Francisco Anselmo de Barros, de 65 anos, que ateou fogo às vestes na noite deste sábado, durante um protesto, no centro da capital de Mato Grosso do Sul, contra a construção de usinas de álcool na bacia do Pantanal. Barros era militante ecológico desde 1980 e planejou sua própria morte, segundo conhecidos que descobriram as suas intenções pelas cartas deixadas como forma de chamar a atenção para a tentativa de o governo do Estado aprovar um projeto de lei que permite a construção de usinas na bacia do Pantanal, proibidas por lei desde 1982. O projeto está sendo analisado para ser votado na Assembléia Legislativa.
Francisco Barros presidia a Organização Não-Governamental (Ong), Fundação para Conservação da Natureza de Mato Grosso do Sul (Fuconams). A manifestação do ecologista deixou surpreso os seus companheiros, no momento em que ele se enrolou em um cobertor encharcado de gasolina e ateou fogo ao corpo. O ambientalista teve mais de 90% do corpo queimado. Barros deixou cartas para a família, para as pessoas que trabalhavam com ele e para a imprensa. Em uma delas, ele descreve que "fez o que fez como única forma de acordar o povo". Nesta segunda-feira, a polícia pretende ouvir os depoimentos dos manifestantes que participaram do protesto.