Saddam Hussein, que foi capturado pelas forças norte-americanas há um ano, vai ser submetido a julgamento no Iraque por crimes contra a humanidade depois das eleições de 30 de janeiro, disse o ministro das Relações Exteriores, Hoshiyar Zebari, na segunda-feira.
Depois de uma audiência pela manhã com o papa João Paulo 2o., Zebari afirmou que disse ao Vaticano que os direitos humanos de Saddam e de seus aliados seriam respeitados.
"Asseguramos ao Vaticano que toda essa gente terá um julgamento justo ... Daremos a eles a mesma justiça que eles nos negaram", disse ele numa entrevista coletiva.
Quando questionado sobre o julgamento de Saddam, Zebari disse que ainda não havia uma "data específica" marcada.
"Só sei que vai ser depois da eleição. Espero que seja logo, semanas depois. Esse é meu desejo pessoal", disse.
O primeiro-ministro Iyad Allawi havia pedido em setembro que o julgamento de Saddam começasse antes da eleição. Na época, o administrador-chefe do tribunal, Salem Chalabi, acusou Allawi de querer usar o júri para aumentar sua popularidade e de pretender transformá-lo num espetáculo.
O vice-premiê, Barham Salih, disse no mês passado que o caso de Saddam exigia mais tempo que outros parecidos, por causa de sua complexidade.
"Esse julgamento é uma coisa importante para nós, para comprovar nossa credibilidade. Vai ser aberto. Vai ser justo. Vai ser transparente", disse Zebari a repórteres.
O júri de Saddam pode ser precedido pelo julgamento de dois de seus principais aliados, incluindo Ali Hassan al-Majid, o "Ali Químico," pelo envenenamento de curdos e iranianos com gás tóxico.
Saddam recebeu várias visitas do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, mas não teve direito a um advogado. Outros prisioneiros reclamam da mesma coisa.
No domingo, um padre católico disse que havia estabelecido uma equipe italiana jurídica para dar aconselhamento de graça ao ex-vice-premiê de Saddam, Tareq Aziz, que é cristão. O padre, Jean-Marie Benjamin, disse que tinha o apoio do Vaticano.
Questionado sobre o caso, Zebari disse: "Essa gente, Aziz, Saddam Hussein e outros, tem acesso pelos canais adequados à Cruz Vermelha... Eles são livres para se comunicar com suas famílias, com sua gente, enviar cartas e assim por diante."