O ex-presidente Carlos Menem confirmou a renúncia de sua candidatura ao segundo turno das eleições do próximo domingo. O anúncio oficial ainda não foi feito pelo candidato mas o site do jornal Ámbito Financiero, uma espécie de porta-voz do ex-presidente publicou um trecho da carta que Menem utilizará para anunciar sua decisão: - Se o voto é contra Menem, lhes poupo a tramitação - referindo-se ao fato de que a maioria dos eleitores, conforme as pesquisas de opiniões, votará em seu adversário, Néstor Kirchner, para não votá-lo. A carta diz ainda: - Agora, sem minha presença tão ´conflitiva e contaminante´, não haverá desculpas. Deverão governar e demonstrar que são melhores. Há tanto tempo de distância, nem sequer poderão jogar a culpa em mim de ser a causa dos males, como agora. A publicação diz que esta mensagem foi gravada para a televisão. Se a renúncia se concretizar mesmo, Néstor Kirchner será o novo presidente da Argentina sem ter de passar pela votação em segundo turno e assumirá o cargo no dia 25 de maio. Os boatos sobre a renúncia de Menem começaram a circular há duas semanas. Menem conseguiu o que provavelmente não conseguiria voltar a fazer em sua carreira política: deixar a Argentina à espera de uma decisão sua. O país está parado, desde a segunda-feira, aguardando o anúncio oficial de que não concorrerá ao segundo turno das eleições presidenciais, no próximo domingo. A terça-feira foi o dia mais longo das duas últimas semanas em termos de boatos e dúvidas sobre a decisão de Menem que não apareceu para confirmá-la ou desmentí-la e todas as informações à sua volta dão conta de que ele deixará a carreira presidencial e que faria o anúncio em La Rioja, sua província Natal, ainda nesta quarta-feira. Porém, dois fatos ocorridos à noite provocam tensão na política e mais dúvidas sobre se Menem realmente renunciará. Primeiro, apareceu na varanda do hotel utilizado como seu quartel-general, ao lado de seu companheiro de chapa, Carlos Romero, para dizer aos manifestantes concentrados no local que fossem tranquilos às suas casas porque nesta quarta-feira haveria novidades. - Não vou decepcioná-los. Segundo, depois de ter suspensa toda sua propaganda eleitoral, à noite, um novo spot de televisão começou a ser veiculado, no qual aparecem vários trabalhadores e representantes da classe baixa, em situações de dificuldades e de trabalho e cada um grita: "Vamos Menem". Estas duas situações semearam as dúvidas de que o ex-presidente possa estar manipulando uma estratégia para chamar a atenção daqueles que "trairiam" seu voto para que mudem de opinião e votem nele no dia 18.
Menem deve divulgar carta de renúncia, afirma jornal argentino
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Quarta, 14 de Maio de 2003 às 05:31, por: CdB