O candidato à presidência da Argentina, Carlos Menem, admitiu que se for eleito no dia 27, e se o prazo de 2005 para a formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) não puder ser cumprido, a "saída de emergência poderia ser uma área de livre comércio Argentina com Estados Unidos", descartando uma negociação em bloco com o Mercosul. Porém, Carlos Menem afirmou que a Argentina poderia participar da Alca "a partir do Mercosul, mas se surgirem incovenientes que impeçam isso, não haverá dificuldades para formar acordos como o do Chile com Estados Unidos". Em uma entrevista para um restrito grupo de jornalistas estrangeiros, na manhã desta terça-feira, Menem, um dos fortes candidatos com condições de ser eleito, segundo as pesquisas de opinião, disse que vai "melhorar a relação com o Brasil, como existia com Fernando Henrique Cardoso e outros presidentes". Segundo ele, a "incompatibilidade com o presidente Lula é fictícia" porque "não pode haver incompatibilidades entre os presidentes que trabalham pelos interesses de seus países". Menem manifestou disposição de manter um bom relacionamento com o presidente brasileiro na medida em que "não há incompatibilidade quando se dialoga", afirmou. Carlos Menem defendeu um aperfeiçoamento do bloco regional e disse que "o parlamento do Mercosul tem de ser constituído o mais rápido possível", fazendo eco à proposta do governo brasileiro. Ele opinou ainda que existe a "preocupacão de incorporar o Chile e a Bolívia plenamente" ao Mercosul porque tem o "interesse no corredor bi-oceânico do Chile. Argentina e Brasil no Pacífico e Chile no Atlantico". O ex-presidente que adotou o regime de conversibilidade para a Argentina durante seus 10 anos de governo voltou a defender uma "moeda forte" para seu país e a América Latina. "Convém não só à Argentina mas também ao Brasil ter uma moeda forte e não a instabilidade que causou tantos estragos. Esse filme da desvalorizacão eu não quero ver mais", opinou. Em resposta à Agência Estado se esta moeda poderia ser do Mercosul, como defende o governo brasileiro, Menem disse: "Talvez, quando assumamos o governo, poderemos voltar a propô-la", referindo-se ao fato de ter sido o "autor da idéia da moeda única para o Mercosul, durante o seu segundo mandato". Ele justifica que o "mundo caminha para eliminação das moedas domésticas pelas universais e estas mais fortes estão anotadas", numa mencão ao dólar e ao Euro. Menem desmentiu notícias da imprensa argentina desta terça-feira de que teria voltado a defender a dolarização para a Argentina. "Eu não falei que era o dólar, eu disse moeda forte, como ocorreu na Europa que a partir da União Européia comecou a trabalhar em uma só moeda", justificou completando: "é o que penso que pode ocorrer em todo o Continente americano". A AE insistiu sobre se a dolarização ou a volta da conversibilidade estaria de volta à sua agenda de campanha e de um eventual governo, Menem explicou que "neste momento já é impossível" dolarizar ou instituir novamente a conversibilidade. Ele destacou que um dólar a três pesos está bem. "Vamos deixar assim, mas vamos procurar melhorar e deixar que o mercado atue", concluiu. Antes, no entanto, Carlos Menem criticou duramente o fim da conversibilidade ao classificá-lo de "um dos maiores erros da Argentina, similar à decretacão de guerra" contra os ingleses pelas ilhas Malvinas.
Ménem defende moeda única para o Mercosul
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Terça, 15 de Abril de 2003 às 10:40, por: CdB