Agentes da Polícia Federal iniciaram, nesta sexta-feira, uma operação em nível nacional de combate ao contrabando de pedras preciosas, principalmente diamantes. Os agentes cumprem 40 mandados de busca e apreensão e de prisão nos Estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Rio de Janeiro. Ao todo, participam da operação 270 policiais federais e 50 auditores do Tesouro Nacional. A operação, chamada de Carbono, é resultado de investigações conduzidas há um ano pela PF, pelo Ministério Público e pela Receita Federal.
A maior parte do contrabando, segundo agentes da PF, segue para a Europa, onde países como Israel, Holanda e Bélgica, que têm centros especializados na lapidação de gemas preciosas extraídas de países como o Brasil. Em Mato Grosso, onde atua a megablitz federal, o garimpo geralmente acontece em terras indígenas, conforme denúncia investigada em nível policial.
Em Juína, interior matogrossense, o comércio de diamantes é um dos motores da economia local. O comércio de pedras é intenso nos principais hotéis da cidade. A empresa IMG Comércio de Diamantes, por exemplo, anunciava em uma placa colocada no apartamento 202 do Hotel Caiabi que ali vendia-se pedras preciosas. Era também o escritório do contrabandista israelense Mattiyahu Garby, preso há três anos pela Polícia Federal no Aeroporto Internacional Marechal Rondon, em Várzea Grande (MT), quando tentava contrabandear dois quilos de diamantes. Uma carga avaliada em R$ 1,5 milhão ao preço do mercado de hoje.
A PF, o Ministério Público Federal, e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sabem que a maior parte da produção de pedras preciosas no Mato Grosso vem da reserva Roosevelt dos índios cinta larga. Em uma área de 2,6 milhões de hectares nos Estados de Rondônia e do Mato Grosso, a reserva está assentada sobre um tipo raro de kimberlito, rocha vulcânica onde é encontrado diamante. Estudos da Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais (CPRM), órgão do Ministério das Minas e Energia, revela que o kimberlito, o único do país que pode gerar uma mina industrial de diamante de gema, tem capacidade para produzir no mínimo um milhão de quilates de pedras preciosas por ano, o que representa uma receita anual de US$ 200 milhões. Estimativas da Abin e do serviço de inteligência da PF, no entanto, estimam que US$ 20 milhões de diamantes do Roosevelt saem ilegalmente do Brasil todos os meses.