Marlon Brando, um dos atores mais importantes de todos os tempos, morreu aos 80 anos, informaram nesta sexta-feira as agências de notícias americanas, citando o advogado do ator. Um amigo da família disse ao canal de TV Fox News que Brando morreu na noite desta quinta-feira, às 18h20m, num hospital de Los Angeles, onde deu entrada na quarta. A causa da morte ainda não foi divulgada.
No início desta semana, o jornal inglês "The Sunday Times" publicou que o ator estaria falido. Com base no livro "Brando in twilight", de Patricia Ruiz, que será lançado no segundo semestre deste ano, o jornal afirma que, afetado por hábitos de consumo caros, crises familiares e batalhas judiciais, Brando teria dívidas em torno de US$ 20 milhões, e estaria vivendo seus últimos dias às custas de uma pensão do sindicato dos atores e da Previdência Social.
O ator vivia sozinho num bangalô de um quarto, que fica na Mullholland Drive, em Los Angeles. No livro, um visitante anônimo descreve a casa como "claustrofóbica", com cortinas de contas, típicas dos anos 70, e sofás velhos.
"Brando in twilight" dará detalhes da decadência financeira do astro, que gastou fortunas com a defesa do seu filho Christian, acusado do assassinato do namorado de sua irmã, Cheyenne, em 1990. Segundo a autora, Brando contraiu empréstimos no total de US$ 7 milhões para pagar os advogados, mas Christian acabou ficando preso até 1996.
Para piorar, a ex-empregada de Brando, Cristina Ruiz, ameaçava reabrir um processo, exigindo do ator US$ 100 milhões. Ruiz argumenta que o ator quebrou acordos, segundo os quais teria que pagar uma pensão de US$ 10 mil a ela, por mês, para sustentar suas três crianças, inclusive Timothy, de 10 anos, filho também de Brando. Apesar de ter o mesmo sobrenome (Ruiz), a autora de "Brando in the twilight" afirma que não tem parentesco com Cristina.
Brando nasceu em 3 de abril de 1924, em Omaha, no estado americano do Nebraska. Ele era o terceiro e último filho de Dorothy Pennebaker Brando e Marlon Brando, descendentes de imigrantes irlandeses. Em 1935, o casal se separou, e a mãe se mudou com os três filhos para Santa Ana, na Califórnia. Em 1937, os pais se reconciliam, e a família se muda para Libertyville, em Illinois.
Em 1940, o jovem Marlon vai para um colégio interno militar, a Shattuck Military Academy em Fairbult, Minnesota, de onde ele acaba sendo expulso por insubordinação. Em 1943, Brando chega a Nova York e se matricula num curso de teatro na New School for Social Research, então dirigida pelo alemão Erwin Piscator. Estréia no palco em 1944, na peça "Hannele", de Gerhart Hauptmann. No mesmo ano, faz a primeira aparição na Broadway, numa montagem de "I remember Mama".
Em 1947, Elia Kazan sugere o nome de Brando para estrelar "Uma rua chamada pecado" ("A streetcar named desire"), versão cinematográfica da peça de Tennesee Williams, dirigida por Stanley Kowalski. Como o filme só saiu em 1951, a estréia do ator nas telas foi um ano antes, com "Espíritos indômitos" (Battle stripe), de Ken Wilcheck.
Brando foi indicado sete vezes ao Oscar de melhor ator: em 1951, por "Uma rua chamada pecado"; em 1952, por "Viva Zapata!"; em 1953, por "Júlio César"; em 1954, por "Sindicato de ladrões" ("On the waterfront"); em 1957, por "Sayonara"; em 1972, por "O poderoso chefão" (The godfather) e em 1973, por "O último tango em Paris" ("Last tango in Paris"). Venceu em 1954 e 1972. Mais tarde, em 1989, foi indicado também ao Oscar de melhor ator coadjuvante, por "Assassinato sob custódia" ("A dry white season"), drama com Donald Sutherland e Susan Sarandon.
Os anos que se seguiram foram marcados pela doença e decadência. Marlon apareceu em fracassos cinematográficos como "Don Juan de Marco", em 1995; "A ilha do Dr. Moreau" (The Island of Dr. Moreau), em 1996; e o mais recente, "A cartada final" (The Score), de 1998.
Marlon Brando morre aos 80 anos
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Sexta, 02 de Julho de 2004 às 10:34, por: CdB