Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Mantega confirma que juros devem cair mais rápido

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Terça, 28 de Março de 2006 às 08:20, por: CdB

Nada impede a queda nos juros, se a inflação estiver controlada. "Preservado o combate à inflação, não há razão que impeça uma queda mais expressiva na taxa básica da economia, a Selic (hoje em 16,5%), que tem de ser mais 'civilizada", disse nesta terça-feira o novo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em sua primeira entrevista no novo posto.

- O Brasil tem de ter taxas de juros civilizadas, que permitam estimular a produção e o consumo. A inflação estando sob controle, não há nada que impeça a queda das taxas de juros - afirmou Mantega ao programa da TV Globo, Bom Dia Brasil.

O novo ministro, no entanto, negou que o governo tenha planos de promover alguma ingerência na autonomia do Banco Central, responsável pela taxa básica de juros e o conseqüente controle da inflação..

- O Banco Central tem uma autonomia, que lhe é dada pelo presidente da República, vamos respeitá-la e vamos dialogar. Mas o BC já está fazendo a lição de casa. Foram cinco ou seis reuniões consecutivas do Copom (Comitê de Política Monetária) com redução da taxa de juros - disse.

O novo ministro também afirmou que o câmbio continuará igual, flutuante. Ele considerou uma "experiência amarga" a utilização de câmbio fixo durante o primeiro mandato do governo FHC. O ministro, entretanto, admitiu que o real valorizado "prejudica alguns setores".

- Mas não podemos driblar o princípio do câmbio flutuante. Existem paliativos, como o Banco Central comprar divisas no mercado, fazer swap cambial reverso. E, agora, com a redução da taxa de juros, vamos ter uma melhoria também porque a taxa de juros muito elevada atrai capital especulativo - disse.

Posse

Lula participou da cerimônia de posse do novo ministro da Fazenda, Guido Mantega. A cerimônia foi simples e às 15h30, o vice-presidente José Alencar já estava na audiência com o presidente, quando o avisou formalmente que deixará o cargo. Na equipe de Mantega também houve mudanças. Além da saída do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal, que entregou sua carta de demissão a Lula, nesta segunda-feira, Mantega também confirmou que o secretário do Tesouro, Joaquim Levy, deve mesmo sair do governo para assumir a vice-presidência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Ele, entretanto, afirmou que pediu para os demais secretários permanecerem.

Ainda na entrevista, Mantega disse que a política econômica durante o governo Lula "já está rumando para um crescimento maior, com criação de empregos e atividade econômica mais robusta".

- O Brasil vai crescer 4%, 5% ao ano? Eu digo sim, estamos nesse caminho e esse caminho foi pavimentado com a política econômica que foi praticada nesses três anos, que teve evidentemente uma forte participação do ministro Palocci - afirmou Mantega.

Ainda sobre os juros, o ministro disse que "é uma unanimidade no país que os juros poderiam ser mais baixos".

- Evidentemente não podemos afrouxar no combate na inflação. Isso é sagrado", afirmou, acrescentando que a inflação prejudica fundamentalmente o trabalhador. "Uma das virtudes da economia hoje sem inflação é que o salário real do trabalhador está subindo. Preservado o combate a inflação, que é fundamental, temos que praticar juros mais baixos. O BC já está fazendo isso - acrescentou.

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