Um dos maiores representantes da <i>pop art</i> mundial, o artista norte-americano Andy Warhol, terá sua arte exibida, até 14 de agosto, no MAM do Ibirapuera, em São Paulo. A escritora Susan Sontag, ator Dennis Hopper, pintor Salvador Dalí e Cass Elliot - a Mama Cass, do grupo The Mamas and the Papas - estarão, mudos e em preto-e-branco, nos <i>Screen Tests</i>, que integram a mostra <i>Andy Warhol: Motion Pictures</i>, com filmes dirigidos pelo artista.
Os filmes são exibidos simultaneamente em 24 telas cujos tamanhos variam de 1,5m a 3m de largura, dispostas tal quadros em uma galeria. Com pouca iluminação no espaço expositivo, as telas ficam em paredes brancas e circundadas por molduras pretas.
Andy Warhol realizou mais 500 <i>Screen Tests</i>, entre 1964 e 1966, nos seus estúdios Factory (NY), em que filmava, em 16 mm, artistas, personalidades, modelos e anônimos que gravitavam à sua volta. Os filmes foram transpostos para DVD, formato em que são exibidos em SP.
São filmetes de três a cinco minutos em que os retratados ficavam diante da câmera de Warhol e esboçavam as mais diversas reações, inclusive nenhuma. Revelados em 16 quadros por segundo (a câmera registra em 24 qps), os filmes tornam-se mais lentos, e uma intimidade irreal com o espectador transparece. O observador, por sua vez, é impelido a olhar fixamente para a tela, como um voyeur em busca de um porvir que nunca vem.
Andy Warhol queria transformar seus retratados em estrelas, celebridades. Ou os retratados já eram célebres em diversos meios _e aí ele os descontextualizava_ ou os anônimos tinham "potencial" para tal, segundo os critérios warholianos.
<b>Retratados</b>
No MAM são exibidos 37 desses "Screen Tests" (em algumas telas são exibidos mais de um), que incluem Gerard Malanga, poeta e frequentador da Factory,"Baby" Jane Holzer, uma das estrelas mais célebres criadas por Warhol, o ator Rufus Collins - de <i>The Rocky Horror Picture Show</i>- o pintor James Rosenquist, Edie Sedwick, modelo e outra estrela de Warhol, entre outros.
A escritora Susan Sontag, com cerca de 30 anos e com aparência de menos, surge encabulada, a olhar timidamente para a câmera sem, contudo, fitá-la por muito tempo, coloca e tira os óculos em busca de preencher o tempo que resta para o filme acabar, faz algumas caretas. Parece ter se divertido com a experiência.
O ator Dennis Hopper olha fixamente para a lente e depois parece sair dali, cantarola e balança a cabeça com sua própria música.
A gordura do pescoço de Cass Elliot, cantora de The Mamas and the Papas, é salientada pela ilumiação rude que também ressalta o delineador dos olhos. Ela está com tédio ou exausta ou solitária. Ou faz tipo.
A imagem do pintor surrealista Salvador Dalí é captada de cabeça para baixo, de modo que o seu famoso bigode finalmente parece ceder à lei da gravidade.
A sexy Jane Holzer faz do abrir e mascar um chiclete um ato erótico. Edie Sedgwick, linda, apesar de anoréxica e com distúrbios mentais, exala classe e imponência.
Há ainda a mulher que chora um choro contido e dramático, a atriz Beverly Grant que faz as vezes de uma Teda Bara expressionista ou ainda o pintor James Rosenquist, que gira sem parar na cadeira enquanto a câmera o filma determinada.
Mais seis filmes, igualmente sem som e sem cor, completam a exposição no MAM: <i>Sleep</i> e <i>Kiss</i>, de 1963, e <i>Blow Job</i>, <i>Eat</i>, <i>Empire</i> e <i>Henry Geldzahler</i>, de 1964.