O ministro de Defesa da Bélgica, Andre Flahaut, viu-se criticado na quinta-feira por ter aprovado um documento oficial afirmando que o maior genocídio dos últimos 500 anos aconteceu, e ainda acontece, na América do Norte.
O relatório de 16 páginas intitulado ``Genocídios'' foi divulgado para lembrar os dez anos dos massacres de 1994 em Ruanda, nos quais hutus extremistas mataram 800 mil tutsis e hutus moderados.
O documento coloca a América do Norte no topo da lista, afirmando que o genocídio ainda em curso dos nativos norte-americanos custou 15 milhões de vidas desde 1492, quando Cristóvão Colombo colocou os pés nas Américas.
O jornal belga De Standaard acusou Flahaut, um socialista contrário à guerra iniciada pelos EUA no Iraque, de insultar a superpotência com o relatório, publicado como suplemento de uma revista distribuída nas Forças Armadas.
A Bélgica apenas recentemente melhorou suas relações com os EUA, depois de desavenças devido ao Iraque, aos planos de defesa da União Européia (UE) e à polêmica lei de crimes de guerra aprovada pelo país europeu. A lei, mais tarde reformulada, permitiu a abertura de processos criminais contra líderes norte-americanos, entre outros.
``Essa publicação coloca todas as nossas relações com os países da América do Norte e do Sul em perigo'', disse o De Standaard em um editorial, no qual classificou Flahaut de ''incompetente e inadequado para o cargo''.
O relatório colocou a América do Sul em segundo lugar na lista, com 14 milhões de mortes entre as populações indígenas desde 1500, e sugeriu que os dois genocídios continuavam a acontecer.
Um porta-voz das Forças Armadas disse que o documento baseava-se em dados tirados da ``Encyclopaedia of Genocide'' (enciclopédia do genocídio), editada pelo historiador Israel Charny.