O líder do principal grupo rebelde do Congo disse neste sábado que, depois de quatro anos, a guerra civil no país acabou. A declaração indica que haverá apoio a um governo de coalizão nacional, que é o principal ponto do frágil acordo de paz.
Azarias Ruberwa, líder da facção RCD-Goma, que tem apoio de Ruanda, deve ser nomeado na próxima semana para um dos quatro cargos de vice-presidente no novo governo, que fará sua primeira reunião em 19 de julho.
Há alguns dias, o RCD-Goma ameaçou não enviar ministros a Kinshasa, argumentando que a segurança deles seria precária na capital. Mas o discurso de Ruberwa para 15 mil pessoas em Goma, leste do país, demonstrou que esse problema parece ter sido superado.
- Ele convocou o comício para anunciar o fim da guerra e para dizer adeus a seu povo antes de partir para a capital - disse Kabasele Tshimanga, porta-voz do RCD-Goma. O novo governo deve convocar eleições para dentro de dois anos, de forma a encerrar um conflito que matou cerca de 3 milhões de pessoas desde 1998, a maioria de fome ou doenças.
Pelo acordo firmado em abril, todas as partes envolvidas devem participar do governo, o que inclui o grupo do presidente Joseph Kabila, os rebeldes, a oposição civil e entidades da sociedade. Mas a posse do novo gabinete foi adiada por causa de disputas em torno de cargos militares. O clima ficou ainda mais sombrio por causa dos recentes combates no leste do país.
A disputa pelos cargos já foi resolvida, mas ainda é preciso distribuir os comandos regionais entre os diversos partidos e retirar as tropas das áreas onde houve choque entre governo e rebeldes no mês passado.
A guerra na República Democrática do Congo (antigo Zaire, o terceiro maior país da África) começou quando Uganda e Ruanda invadiram seu território para dar apoio aos rebeldes. No seu auge, o conflito envolveu seis exércitos estrangeiros. Apesar do acordo e da presença de tropas francesas, os tumultos continuam ocorrendo na cidade de Bunia, nordeste do país.