O chinês Law Kin Chong, apontado como o maior contrabandista do país, foi preso na tarde desta terça-feira ao tentar subornar o deputado Luiz Antônio Medeiros (PTB), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pirataria. O parlamentar fingiu aceitar um suborno de US$ 75 mil (cerca de R$ 225 mil) , que tinha como objetivo evitar referências no relatório da CPI a Chong, mas ao mesmo tempo avisou a Polícia Federal, que, depois de reunir provas, acabou fazendo a prisão.
Chong é dono de várias lojas em São Paulo que vendem produtos contrabandeados. Também seria o responsável por abastecer cerca de dez mil pontos no país e dono de fábricas de produtos piratas na China. Por sua posição, era o alvo principal das investigações da CPI.
Também foi preso na operação o advogado do contrabandista, Pedro Lindolfo Sarro, que participou da tentativa de suborno. Ele havia acabado de entregar os US$ 75 mil a Medeiros quando seu escritório, em São Paulo, foi invadido por policiais federais.
A TV Globo exibiu imagens de como foi feita a negociação da tentativa de suborno e a prisão. Por ordem de Medeiros, toda a negociação foi filmada com câmeras escondidas. Sarro foi o representante do empresário. Um policial fingiu estar a serviço de Medeiros para negociar o dinheiro. Os dois se encontraram quatro vezes.
"Ele quer que pare o relatório", afirmou o advogado ao policial, na gravação, sobre o que pretendia Chong.
Avisados por Medeiros, policiais federais começaram a monitorar a negociação do suborno. Os detalhes finais acabaram acertados pelo próprio empresário chinês, no quarto de um hotel de Araraquara. Pelo combinado, ele pagaria um total de R$ 3 milhões a R$ 7 milhões em troca de não ser citado no relatório da CPI. Também este encontro foi filmado. Com as provas, a Polícia Federal pediu à Justiça a decretação da prisão de Chong por corrupção ativa.
Nesta quinta-feira, por volta das 15h, Serro foi ao escritório político de Medeiros, em São Paulo, para fazer a entrega da primeira parcela do dinheiro. Os dólares estavam sobre uma mesa quando os policiais federais invadiram a sala e deram voz de prisão ao advogado. Chong acabou preso pouco depois em um estacionamento na Avenida Prestes Maia, no centro.
"Eu não tenho nada a dizer, não corrompi ninguém", afirmou, após ser preso.
Policiais federais fazem esta noite uma busca na casa e no escritório de Law Kin Chong. Eles buscam reunir provas contra o comerciante.