Maior banco privado francês negocia pagamento de multa recorde nos EUA
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Segunda, 30 de Junho de 2014 às 08:24, por: CdB
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos havia programado o anúncio, para esta segunda-feira, de um acordo com o BNP Paribas envolvendo uma multa recorde de quase US$ 9 bilhões em função de supostas violações a sanções norte-americanas pelo maior banco da França, disseram fontes familiarizadas com o assunto. As penalidades, que as fontes disseram que também podem incluir uma proibição temporária sobre alguns negócios de compensação em dólares, poderão impactar o pagamento de dividendos do BNP, seu índice de capital e metas de banco de investimento, dizem analistas.
O BNP deve se declarar culpado em uma acusação criminal no Tribunal Federal de Manhattan nesta segunda-feira, e o Departamento de Justiça dos EUA estava planejando uma coletiva de imprensa em Washington para anunciar um acordo no mesmo dia, afirmaram as fontes. No entanto, o banco deverá manter sua licença bancária do regulador bancário do Estado de Nova York, depois de negociações que, de acordo com fontes próximas ao assunto, chegaram em determinado ponto a levantar a perspectiva de uma multa ainda maior, de até US$ 16 bilhões.
"Eu quero dizer isso claramente aqui: vamos receber uma pena pesada. No entanto, as dificuldades que estamos experimentando atualmente não devem afetar os nossos planos para o futuro", afirmou o presidente-executivo do BNP, Jean-Laurent Bonnafé, em uma mensagem interna enviada em 27 de junho e vista pela agência inglesa de notícias Reuters.
O banco não comentou, publicamente, o caso desde que alertou acionistas, em 14 de maio, que a multa poderia ser mais dura do que o montante de US$ 1,1 bilhão que a instituição provisionou originalmente. Uma porta-voz do BNP não quis comentar. Autoridades norte-americanas estão analisando se o BNP violou sanções dos EUA relacionadas principalmente ao Sudão entre 2002 e 2009, disseram as fontes.
Transações legais
O BNP Paribas é o maior banco francês em termos de capitalização e se transformou em alvo do Departamento de Justiça norte-americano e do regulador bancário de Nova York, Benjamin Lawsky, por ter autorizado pagamentos em dólares de países submetidos a sanções econômicas do governo norte-americano, entre eles Sudão, Irã e Cuba. Essas transações, feitas entre 2002 e 2009, foram totalmente legais do ponto de vista do direito internacional, mas por terem sido feitas em dólares tiveram que transitar por uma instância norte-americana, entrando assim na jurisdição do país.
Os investigadores norte-americanos avaliaram as transações no valor de US$ 100 bilhões e determinaram que aproximadamente 30 bilhões foram usados em intercâmbios com países sancionados por Washington.