Em entrevista exclusiva ao programa dominical da TV Globo, Fantástico, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quinta-feira, que se sentiu traído no episódio que desvendou a rede de corrupção instalada dentro do governo. Ele considerou "uma facada nas costas" a distribuição de propinas a partir do caixa dois manobrado por Delúbio Soares e Marcos Valério, mantido com recursos ainda não explicados. Na entrevista, que vai ao ar neste domingo, Lula não revelou quem exatamente o traiu.
- Não interessa se foi a, b, ou c. Todo episódio foi uma facada nas minhas costas - disse o presidente.
O ex-ministro-chefe da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu foi, novamente, poupado por Lula, que o defendeu da acusações de ser o líder de uma quadrilha que promoveu a compra de votos de deputados em favor do governo, como sugere o relatório do deputado Osmar Serraglio, da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios:
- Até o momento não apareceram provas contra Dirceu, a CPI dos Correios vai mostrar se o ex-ministro cometeu ou não algum erro - disse Lula. Ele também aproveitou para esclarecer que não convidou Dirceu para seu palanque. Lula afirmou que não disse isso, mas que lhe foi perguntado.
Até o ex-tesoureiro do PT, que admitiu ter pagado contas de campanha com "dinheiro não contabilizado" foi poupado pelo presidente Lula. Ele afirmou que não há indícios de irregularidades quanto ao crime confessado pelo ex-petista, afastado do partido por determinação do Diretório Nacional. Para o presidente, as "coisas boas" do seu governo ainda não apareceram, como a ampliação no número de empregos, o desempenho da economia e os ganhos salariais dos trabalhadores.
A entrevista, concedida ao jornalista Pedro Bial, estava sendo transmitida para um monitor, em um caminhão na área externa do Palácio do Planalto, onde várias pessoas se concentraram para assistir. Tão logo a emissora soube que havia pessoal não autorizado assistindo à conversa, a TV escondida e a maior parte da matéria continua inédita.