O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira que "dá para apaziguar" as relações atualmente tensas entre o Brasil e a Argentina, que têm sido superdimensionadas pela imprensa.
"Temos trabalhado com o desejo de fazer um jogo amistoso entre o Mercosul e a União Européia e vou falar para o meu amigo Kirchner que ele pode escolher o técnico," disse Lula, bem-humorado, a jornalistas nesta quarta-feira após lançamento da loteria Timemania no Palácio do Planalto.
O governo Néstor Kirchner estaria irritado com a atuação internacional brasileira e a crescente liderança na região.
Lula reforçou que se reunirá com seu colega argentino na semana que vem em Brasília durante a Cúpula América do Sul-Países Árabes. Lula fez os comentários posando para fotos com uma camisa do Fluminense e a faixa de campeão.
O governo brasileiro vê a relação com Buenos Aires como fundamental para a atuação no cenário internacional e ao fortalecimento das instituições sul-americanas, como o Mercosul, e acredita ainda que algumas das tensões políticas, na verdade, não passam de mal-entendidos.
Mais cedo, Lula disse a jornalistas franceses que as diferentes visões políticas não prejudicam a relação "harmônica" entre os dois países em outros assuntos e enfatizou ser normal quando a "Argentina não decide apoiar o Brasil".
"Eu não posso gostar da Argentina se a Argentina fizer tudo que eu quero, e nem a Argentina pode gostar de mim se eu fizer tudo que eles querem, ou seja, nós temos que nos gostar porque o Brasil e a Argentina dependem um do outro", afirmou o presidente.
Uma das posições brasileiras que teriam incomodado a Argentina seria a decisão de oferecer asilo ao presidente destituído do Equador Lucio Gutiérrez sem consultar a Organização dos Estados Americanos (OEA).
Buenos Aires teria se incomodado também com o pouco apoio do Brasil nas negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI).