Quase dois mil trabalhadores rurais de cinco Estados brasileiros saíram nesta segunda-feira, às 11 horas, de Goiânia rumo a Brasília em marcha. A mobilização foi organizada pelo Fórum Nacional de Reforma Agrária e Justiça no Campo, que reúne 42 entidades, entre elas a Comissão Pastoral da Terra (CPT), em apoio ao 2º Plano Nacional de Reforma Agrária. A previsão é que a caminhada dure 10 dias. Chegando a Brasília, os trabalhadores serão recebidos pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), José Genoino, esteve em Goiânia para o início da marcha. "Para nós do PT, [a reforma agrária] é uma bandeira prioritária", afirmou. Segundo ele, a bancada do PT no Congresso também receberá os camponeses e ajudará nas negociações com o governo. - Nas pesquisas que temos realizado junto à opinião pública, a reforma agrária aparece sempre em primeiro lugar. Achamos que o governo deve apresentar metas para a reforma agrária e negociar com os movimentos estas metas - ressaltou o dirigente petista.
Para o presidente nacional da Comissão Pastoral da Terra, dom Tomás Balduino, que abençoou a saída da marcha, o Plano será um marco histórico, porque é a primeira vez que se estará caminhando realmente para a realização de uma reforma agrária no Brasil. Na visão de dom Tomás, o único obstáculo será o orçamento da União. - Se não entrarem os bilhões de reais necessários para a reforma agrária, corre-se o risco dela não ser realizada - alerta.
A marcha é formada por trabalhadores dos Estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo, pertencentes ao MST, Contag, MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade) e CPT.
Durante o seu percurso, ela ainda receberá camponeses de outros Estados, como de Alagoas. De acordo com Valdir Misneroviscz, membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o objetivo dos trabalhadores é que o governo assuma o Plano e o implemente o mais rápido possível. Segundo Genoino, o Plano "será discutido para que o governo assuma o compromisso com o movimento".
A proposta do II Plano Nacional de Reforma Agrária foi elaborada por uma equipe de técnicos coordenada por Plínio de Arruda Sampaio, especialista na questão fundiária brasileira e ex-deputado federal do PT. O documento foi apresentado no mês passado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário. A meta do Plano é assentar um milhão de famílias em quatro anos e agora espera pela aprovação do governo.