Lula: País não tem estrutura para realizar uma Copa do Mundo

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Publicado quinta-feira, 14 de setembro de 2006 as 17:48, por: CdB

Em linha com as últimas declarações do presidente da Fifa, Joseph Blatter, que alertou que o Brasil precisaria investir bilhões para sediar a Copa de 2014, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que o país não teria infra-estrutura adequada para receber o Mundial e necessitará de, no mínimo, 12 novos estádios para a competição.

– Nós não temos nenhum estádio em condições de sediar jogos da Copa… Vamos ter de construir no mínimo 12 novos estádios nesse país – disse Lula nesta quinta-feira, em discurso durante a cerimônia de assinatura do decreto de criação da Timemania, loteria que pretende ajudar financeiramente os clubes brasileiros.

Segundo o rodízio de continentes elaborado pela Fifa para sediar a Copa do Mundo, o torneio de 2014 acontecerá na América do Sul, e os países da região já demonstraram intenção de apoiar a candidatura brasileira. Lula manifestou ainda preocupação com os conflitos armados entre Israel e grupos militantes no Líbano e sugeriu que a seleção brasileira dispute um amistoso em nome da paz na região. Em 2004, a seleção brasileira realizou um jogo no Haiti.

– O Líbano está precisando da seleção brasileira. A seleção brasileira está indo ao Kuweit, quem sabe não é o caso de ligar para o (presidente da CBF) Ricardo Teixeira, já que vai estar ali pertinho, para fazer um jogo no Líbano pela paz. Os jogadores poderiam entrar em campo carregando mensagem, também para a juventude brasileira – declarou o presidente.

A seleção brasileira enfrenta o Kuweit em partida amistosa no dia 7 de outubro.

Expectativas reduzidas

O economista Marcelo Proni, do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp) vê com ponderação os possíveis resultados da Timemania, loteria que a Caixa Econômica Federal vai operar a partir do próximo ano, e que se destina a ajudar os times de futebol que devem à União. Ele realizou estudo sobre a situação dos times do país, pesquisando as mudanças de gestão dos clubes nas duas últimas décadas.

A lei que institui a loteria foi sancionada pelo presidente da República hoje (14), e passou dois anos em tramitação no Congresso Nacional. O economista comenta que “não foi aprovada mais rápido porque se questionava se o governo não estava pretendendo subsidiar os clubes, em detrimento de investir em programas sociais”.

A Timemania  vai ser baseada nos escudos dos times de 1ª, 2ª e 3ª divisão, do Campeonato Brasileiro de Futebol. O apostador vai poder fazer um desfile dos escudos na sua aposta, tentando  coincidência com o que for sorteado depois, pela CEF. Também poderá ser escolhido um time a cada semana, como O time do Coração. A Assessoria de Imprensa do Ministério do Esporte informa, no entanto que a estrutura definitiva do jogo  vai depender da regulamentação, que será estudada por um comitê especial, formado pelo governo e pelos representantes dos times, depois que a lei for aprovada.

Marcelo Proni afirma que a Timemania “não pode ser vista como uma panacéia, um remédio para todos os problemas dos clubes brasileiros, mas uma medida entre outras que podem ajudar no encaminhamento das soluções”.

Ele avalia que  “já é uma tradição os times de futebol pedirem a ajuda do governo quando estão em dificuldades e a solução buscada na lei discutida no Congresso foi a alternativa apoiada pelo governo, entre outras sugestões que vinham sendo feitas. Entre estas chegou-se a pensar até na possibilidade de financiamento da dívida dos clubes pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDEs).

O economista acha que a Timemania “pode ser uma boa saída para o governo, que é credor de uma dívida quase impagável, por parte dos clubes de futebol”. Mas acha que a previsão feita pelo Ministério do Esporte, de arrecadação de R$ 500 milhões por ano, através da Timemania “está superestimada, pois o torcedor terá que se sentir estimulado a apostar na loteria, acreditando para