Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à reeleição, que lidera as pesquisas de intenção de voto, antecipou nesta quarta-feira que buscará um ministério mais ágil em um provável segundo mandato e sugeriu que comparações com o governo Fernando Henrique Cardoso são coisas do passado.
- Eu não quero mais ficar comparando com o Fernando Henrique Cardoso porque nos nossos quatro anos já batemos muito neles. Agora eu quero comparar comigo mesmo - disse Lula em entrevista à Rádio Gaúcha de Porto Alegre nesta manhã.
Lula evitou falar sobre a composição da nova equipe para o provável segundo mandato porque "ainda não ganhei as eleições", mas antecipou que pretende ter mais agilidade e eficiência nos Ministérios para que "possamos fazer o dobro do que fizemos nos primeiros quatro anos".
Segundo Lula, os ministros serão indicados "de acordo com a força dos Estados e da nossa composição política." Ele não deu mais detalhes de como se dará a negociação com os partidos.
Lula criticou o PMDB, afirmando que o partido precisa "passar por uma reciclagem" e consolidar uma liderança nacional.
- Precisam se fortalecer do ponto de vista nacional. É preciso que o PMDB tenha uma direção com uma cara mais nacional que, desde o Ulisses Guimarães, deixou de ter e virou um partido regional - disse Lula.
Crise na Bolívia
Na opinião do presidente, os problemas existentes na negociação entre Petrobras e governo boliviano estão sendo exagerados e "divergências" estariam sendo transformadas em "crise".
- O Brasil deve ter em mente que precisamos fazer um acordo justo com a Bolívia - disse Lula.
Para o presidente, o Brasil deve encarar a questão com certa normalidade já que outros países que possuem reservas de energia também brigam para defender suas riquezas. O caso da Bolívia seria ainda mais especial por se tratar de um país pobre onde o gás seria "a única riqueza". O presidente reforçou a necessidade de respeito ao contrato já existente e às revisões periódicas para reajuste de preços, mas indicou que, caso contrário, o Brasil pode recorrer à arbitragem internacional.
- Se a Bolívia der um passo além do que a lei permite, o Brasil tem fóruns internacionais para debater o assunto - disse Lula.
Além de buscar um acordo com os bolivianos, o governo federal já teria tomado a decisão de fazer os investimentos necessários para que o país seja auto-suficiente em energia.
Falando em transformar o Brasil em uma potência energética e na "Revolução do Biodiesel", Lula garantiu que as pesquisas para o desenvolvimento de novas fontes de energia devem continuar em um possível segundo mandato.