O presidente Luis Inácio Lula da Silva admitiu em entrevista coletiva nesta sexta-feira que o governo errou ao participar pouco do processo de sucessão na Câmara, permitindo a eleição do Deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), mas em seguida minimizou o fato, alegando que o deputado é um aliado do governo federal, Mais uma vez, Lula minimizou o fato de o PT não ter conseguido eleger seu candidato ao cargo, Luiz Eduardo Greenhalgh.
- Severino é meu aliado. O partido dele faz parte da base do governo. A eleição à presidência da Câmara foi democrática. Sorte dele que ganhou, azar dos que perderam - disse o presidente.
Lula afirmou ainda que não cabe ao presidente da República escolher o presidente da Câmara dos Deputados. Apesar das recentes derrotas que o governo sofreu no mandato de Severino, Lula se disse grato ao Congresso por ter conseguido aprovar nos últimos anos reformas importantes, como a Judiciária, a Tributária e a da Previdência.
O presidente aproveitou a oportunidade para negar que haja um descompasso entre o que ele pensa e o que Ministério da Fazenda faz na política de juros. Indagado se as mudanças na equipe econômica anunciadas nessa quinta-feira por Antonio Palocci indicam um fortalecimento da ortodoxia na política monetária, Lula disse que tem plena confiança no ministro da Fazenda e que a política adotada por sua equipe tem por objetivo promover o desenvolvimento sustentado do país. No entanto, o Brasil conviveu por muitos anos com inflação fora de controle e é preciso agir com cautela.
- Muitas vezes há um descompasso entre o que eu quero fazer pra mim e o que posso fazer pra mim. Na política então isso acontece toda hora. Eu e Palocci somos unha e carne. Tenho total confiança nele - afirmou.
Perguntado se o governo vai afastar o presidente do Banco Central caso o Supremo Tribunal Federal (STF) aceite o pedido de abertura de inquérito contra Henrique Meirelles, o presidente Lula afirmou que "não julga ninguém antecipadamente".
- Não cabe ao presidente da República tomar nenhuma decisão de crítica a uma decisão do STF. Ora, se o Supremo abrir uma investigação, é uma investigação. Só posso tomar uma atitude quando houver uma conclusão. O que eu quero pra mim, eu faço para os outros. Eu não quero ser julgado antecipadamente. Quero que me dêem o direito de defesa - enfatizou.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou que seu governo perseguirá, "pelo menos neste ano", a meta de 5,1% para a inflação de 2005.
- Por enquanto, a nossa meta é chegar aos 5,1% que nós mesmos determinamos. Na hora que a gente colocar a inflação no patamar de países desenvolvidos, certamente vamos colocar os juros também no patamar dos países desenvolvidos - disse.