O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse querer uma política externa "agressiva" para implementar uma idéia fixa: aumentar a influência de novos blocos regionais no mercado externo para se contraporem a Estados Unidos e União Européia.
Em sua primeira entrevista coletiva no giro pelos países árabes, Lula disse que pretende ampliar o G3 -Brasil, África do Sul e Índia- para G5, com Rússia e China. O Brasil lidera o GX (antigo G20), grupo de países em desenvolvimento que busca concessões dos EUA e da União Européia.
Lula comentou a polêmica criada na Síria, quando assinou documento com o governo local em defesa da desocupação do Iraque.
"Tenho dito desde o início que nenhum país respeita a subserviência", disse. Afirmou que as posições do Brasil "podem deixar alguém magoado". E completou: "Mas também ninguém nunca me telefonou para perguntar se a política que está fazendo está correta. Ou seja, soberania pressupõe eu ser dono do meu nariz".
Leia a íntegra da entrevista
Viagens
"Acho que o presidente da República tem de viajar toda vez que ele considerar importante. Eu tenho consciência do papel histórico que estamos cumprindo lá no Brasil [...] Entendo que é necessário divulgar o novo tempo que o Brasil está vivendo e estabelecer novas relações com esse mundo. Obviamente que, no ano que vem, não preciso viajar tanto, porque a semente está plantada.
A única atividade que não permite intermediários é a relação política, e ela tem que ser feita através de uma relação humana muito forte. Não existe e-mail, fax, telefone que substitua o olho no olho, o aperto de mão, o abraço entre os seres humanos, sejam eles governantes ou não."
Cúpula Árabe
"Vamos fazer um grande encontro no Brasil [em 2004], que eu penso que será um marco fantástico, que será a reunião de chefes de Estado da América do Sul com o mundo árabe. A minha presença é para dizer aos irmãos árabes que a relação que queremos ter com eles, o encontro que queremos fazer no próximo ano entre os países árabes e a América do Sul é pra valer, é uma coisa muito séria que pode resultar no crescimento das nossas relações."
Oriente Médio
"O Brasil tem uma posição clara. Queremos o reconhecimento do Estado palestino, do Estado de Israel. Queremos garantir a segurança do Estado de Israel, mas queremos garantir que os palestinos possam viver como um povo livre, soberano, sem ingerência. Eu tenho dito desde o início que nenhum país respeita a subserviência. Não tem nada mais importante nas relações entre dois países, ou dois seres humanos, do que o respeito que um tem pelo outro. Inclusive em momentos de adversidade.
No dia 10 de dezembro, quando fui a Washington, ainda não era presidente da República empossado, mas eleito, conversamos sobre a Guerra do Iraque. Eu disse ao presidente [George W.] Bush que a única guerra que interessava a mim era a de combate à fome no meu país [...] Isso continua intacto, em pé. Somos um país que tem soberania, que sabe o que quer. Sabemos que muitas coisas que vamos fazer poderão deixar alguém magoado. Mas também ninguém nunca me telefonou para perguntar se a política que está fazendo está correta.
Soberania pressupõe eu ser dono do meu nariz. E penso primeiro no Brasil para fazer a minha política internacional, da mesma forma que os EUA pensam primeiro neles. O problema é que, no Brasil, de vez em quando, há gente mais americana que os próprios americanos. Isso é uma coisa lamentável [...] Eu digo todo dia: respeito é bom, gosto de dar e gosto de receber. Isso vale para a política interna e para a externa."
Multilateralismo
"O Brasil tem um papel potencial extraordinário. Pode exercer papel fundamental no fortalecimento do Mercosul, no fortalecimento da América do Sul e no fortalecimento dos países que têm as mesmas condições do Brasil. Por isso fizemos v