Lula diz que não está “acima da lei. Mas estou acima da mentira. Sei que o meu julgamento é político. Nenhum partido, nenhum banqueiro, nenhuma revista, nenhum jornal quer que eu disputa as eleições”.
Por Redação, com RBA - de São Paulo
Ao comemorar os 38 anos de criação do PT, completados dia 10, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que "todos" querem vê-lo fora da disputa eleitoral; para que sobre uma vaga no segundo turno. Ele voltou a chamar de "mentirosa" a sentença do juiz Sérgio Moro, ratificada em segunda instância, e disse estar "de olho" naqueles que estariam disputando seu espólio e o do partido.
— Estou só olhando, só matutando o que eles estão fazendo — avisou Lula, enquanto líderes da legenda reafirmaram que não existe "plano B" em relação à candidatura para a Presidência da República.
Segundo o ex-presidente, excluí-lo da eleição seria um erro a ser julgado pela história.
— Eles não têm a noção do crime que estão cometendo contra a democracia neste país — afirmou durante evento na noite passada na Casa de Portugal; no bairro da Liberdade, região central de São Paulo.
Honra
Lula diz que não está “acima da lei”.
— Mas estou acima da mentira. Sei que o meu julgamento é político. Nenhum partido, nenhum banqueiro, nenhuma revista, nenhum jornal quer que eu disputa as eleições. Eles sabem que se eu for candidato só vai sobrar uma vaga no segundo turno — disse Lula.
Ele ironizou Michel Temer:
— Até ele acha que tem chance, se eu não for candidato.
O ex-presidente chamou de "analfabetos políticos" aqueles que o interrogaram. E, mais uma vez, atacou a sentença, que segundo ele atinge sua honra.
— Caráter a gente não compra no supermercado ou no shopping. A gente tem ou não tem. Se eles quiserem me tirar do jogo, vão ter de cometer um crime contra a Constituição — disse.
Unidade
Além de vários líderes petistas e ex-ministros, participaram do ato os vice-presidentes do PCdoB, Walter Sorrentino, e do PCO, Antonio Carlos Silva. Sorrentino afirmou que seu partido e o PT são "aliados estratégicos" e estarão unidos "antes, durante e após as eleições". Chamou Lula de "maior líder político do povo brasileiro, não só da esquerda" e afirmou que a aliança "em torno do Brasil; da democracia e dos trabalhadores vai continuar". O PCdoB tem uma pré-candidatura própria, da deputada estadual gaúcha Manuela d´Ávila.
Também ligado à legenda comunista, o presidente da CTB, Adilson Araújo, discursou pela unidade.
— A esquerda brasileira tem muita responsabilidade com o futuro próximo do nosso país — afirmou
E citou o slogan da campanha petista em 1989 ("Sem medo de ser feliz”). Destacou, ainda, o "ciclo mudancista" liderado por Lula em seus governos.
— Lula vai saber liderar uma frente ampla de esquerda, para que a gente possa efetivamente sacudir a poeira e dar a volta por cima — acrescentou.
Silva, do PCO, disse que nos últimos anos a direita e até parte da esquerda, "ou que se diz de esquerda", chegou a comemorar a "morte" do PT e disputar sua herança.
— Vemos com muita alegria que esse prognóstico não se realizou — acrescentou. Disse, ainda, que a presidenta deposta Dilma Rousseff saiu do Palácio do Planalto "com atestado de idoneidade”; e foi substituída por uma quadrilha.
Esquerda
Segundo ele, setores conservadores não querem eleições neste ano.
— A direita, que não tem não tem candidato para derrotar o presidente Lula em eleições limpas, está disposta a tudo — disse.
Garantir o processo exige mobilização, continuou:
— ão vai ser por acordo, vai ser na rua, pelos meios que forem necessários.
Presidente nacional do PT, a senadora Gleisi Hoffmann (PR) disse que o ato da noite desta quinta-feira era, sobretudo, uma reafirmação da candidatura e um desagravo a Lula.
— É candidato de parcela expressiva do povo brasileiro. É tarefa do PT cuidar de Lula. O PT não tem plano B. O plano do PT é Lula. Essa história de plano B é daqueles que não estão no nosso partido, que não querem efetivamente que a esquerda tenha um candidato competitivo — concluiu.