Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2024

Lula aposta em governadores e ministro de FHC para unificar PMDB

Arquivado em:
Terça, 29 de Março de 2005 às 17:30, por: CdB

O governo aposta na nova composição da liderança do PMDB na Câmara dos Deputados e na articulação com governadores para unificar o partido e acelerar as negociações institucionais visando uma aliança político-eleitoral em 2006 com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, articula, através do presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), a reaproximação de Lula com governadores peemedebistas interlocutores da ala favorável ao rompimento com o governo e à indicação de um nome peemedebista à Presidência da República.

Nesta terça-feira, Dirceu acompanhado dos ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Aldo Rebelo (Coordenação Política), encontrou-se com Temer e a governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Matheus.

A principal pauta da reunião foram as reivindicações do Estado em relação à reforma tributária, mas simbolicamente foi um gesto político do governo de acelerar a interlocução com o PMDB oposicionista. Nesse sentido, Palocci mostrou-se aberto a negociar mais a reforma para atender a certos pleitos dos governadores.

Rosinha chegou a cobrar dos ministros sinais claros de apoio à sua administração. Ela lembrou que seu marido e ex-governador Anthony Garotinho, derrotado na eleição presidencial de 2002, pediu votos para Lula no segundo turno.

Além de Rosinha, interlocutores do presidente Lula têm procurado os governadores de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, do Distrito Federal, Joaquim Roriz, e do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, para promover diálogos.

"Essa reaproximação está acontecendo... O PMDB tem buscado a unidade e essa retomada da interlocução institucional é boa para o PMDB e boa para o Brasil", disse Aldo a jornalistas no Palácio do Planalto.

Mas a mudança efetiva na condução peemedebista ocorreu com a composição entre os deputados José Borba (PR), e Eliseu Padilha (RS), respectivamente o líder e o principal vice-líder da bancada na Câmara. O primeiro é porta-voz do grupo governista, e o segundo, ex-ministro dos Transportes do governo Fernando Henrique Cardoso, atuou contra o governo na primeira metade do governo Lula.

"O Padilha nunca foi tão governista como antes", confidenciou um assessor do presidente. O deputado gaúcho tem tido participação ativa na articulação governista e, ao lado de Borba, já esteve em reuniões de articulação política no Palácio do Planalto.

A bancada do PMDB é de 88 deputados e a dificuldade dentro do partido é encontrar um único nome que unifique todas as alas. Por isso, Temer ainda negocia uma saída para a liderança. Mas interessado na reorganização e na retomada do diálogo com o governo, ele não esconde de assessores interesse em manter a dupla Borba-Padilha.

Padilha acredita que foi procurado pelo ministro Dirceu porque teria mais autoridade para negociar com os grupos do partido na sua condição de ex-ministro.

"Eu tenho um mapeamento dos congressistas do PMDB. Eu dialogo com todos os grupos, seja o que faz oposição, sejam os que acham que deveria haver mais sustentação ao governo, por isso todos respeitam a minha autoridade no partido," disse Padilha à Reuters.

O presidente peemedebista tem demonstrado preocupação com um choque de egos entre os dois deputados, o que aprofundaria ainda mais a fissura dentro do partido. Mas a hipótese é descartada por funcionários próximos ao núcleo político do governo.

Nas últimas duas semanas, Temer esteve três vezes no Palácio do Planalto e ouviu claramente de Lula o interesse em uma aliança político-eleitoral para 2006. Em resposta, deixou claro ao presidente que o momento político não é adequado para se discutir uma composição eleitoral.

Os peemdebistas que patrocinam essa reorganização com o governo deixam claro que não está em jogo cargos, mais participação nos ministérios, nem a aliança para 2006.

"A nossa prioridade é buscar a candidatura própria de todos os meios e todas formas, porque em jogo está a própria sobrevivência do partido", disse Padilha.

Temer,

Tags:
Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo