O presidente da Bolívia, Gonzalo Sánches de Lozada, desafiou os violentos protestos contra o seu governo - que provocaram a morte de mais de 30 pessoas desde o fim de semana -, dizendo que eles não o conseguirão tirar do governo. Além das mortes, a renúncia de quatro ministros e o rompimento do vice-presidente, Carlos Mesa, com o governo ampliaram a crise em que vive o presidente boliviano.
Apesar do desafio, Lozada cedeu à pressão e determinou, ainda na segunda-feira, a suspensão das exportações de gás natural para novos mercados.
Pelo menos mais dez pessoas morreram durante choques com a polícia apenas na segunda-feira em La Paz e perto de El Alto, próximo à capital boliviana, segundo Sacha Llorenti, vice-presidente da Assembléia
Permanente de Direitos Humanos do país.
A demanda pelo fim das novas exportações é uma das centrais dos protestos que vêm ocorrendo há cerca de quatro semanas e que já provocaram a morte de pelo menos 50 pessoas.
Planos suspensos
Segundo o presidente, os planos para novas exportações ficarão suspensos até 31 de dezembro, prazo dado à consulta de vários setores da sociedade sobre a exportação. Alguns sindicalistas afirmaram, no entanto, que continuarão protestando até a renúncia do presidente.
Em seu discurso, Lozada acusou a oposição de estar armando um complô contra ele, financiado por interesses estrangeiros e liderado pelo deputado Evo Morales.
O presidente fez o discurso depois de se reunir com a cúpula de seu governo.
Depois da mensagem presidencial, a polícia se retirou das ruas de El Alto, o que acalmou os manifestantes.
O clima de tensão, no entanto, continua.
Segundo o correspondente da BBC na Bolívia Luis Crespo, El Alto permanece paralisada e praticamente não há mais alimentos disponíveis.
O Departamento de Estado dos Estados Unidos ofereceu o seu suporte a Lozada e pediu que todos os líderes políticos da Bolívia expressem publicamente o seu apoio à democracia boliviana.
O governo americano afirmou ainda que nem a comunidade internacional nem os Estados Unidos apoiarão um regime que resulte de "ações não democráticas".
A Organização dos Estados Americanos (OEA) também declararam o seu apoio formal ao presidente Lozada, segundo as agências de notícias.