Entre os anos de 1972 e 1975, poucas foram as notícias publicadas pela imprensa sobre a Guerrilha do Araguaia, movimento de resistência à ditadura militar organizado por jovens militantes do Partido Comunista do Brasil (PC do B) na região sul do Estado do Pará. A análise está no livro "Memórias Clandestinas: a imprensa e os cearenses desaparecidos na Guerrilha do Araguaia", da jornalista brasileira Mônica Mourão.
No livro, a jornalista faz uma retrospectiva do cenário nacional pré e pós golpe de 64, passando pela censura à atividade jornalística durante a ditadura militar, que culminou na quase total ausência de notícias sobre a Guerrilha. O trabalho é resultado de um ano de pesquisas e foi apresentado como tese graduação na Universidade Federal do Ceará.
Entre os militantes comunistas que desapareceram durante a Guerrilha estão quatro pessoas originárias do Estado do Ceará. A história da vida dos militantes cearenses, cujos corpos jamais foram encontrados, tem destaque no livro. A jornalista entrevistou familiares e amigos dos guerrilheiros.
As famílias dos militantes receberam indenização do governo brasileiro, assim como uma certidão de óbito, mas nunca puderam sepultar os restos mortais deles.
- Breno Moroni Barroso, irmão da guerrilheira Jana Moroni Barroso, não tem mais esperanças de encontrar os corpos, porque muito deles foram queimados depois de terem sido desenterrados - conta a jornalista. A família de Jana propõe que a área onde foram mortos os militantes seja transformada num grande cemitério.
Guerrilha do Araguaia
Movimento armado organizado no sul do Estado do Pará por jovens militantes do Partido Comunista do Brasil (PC do B), em 1972, a Guerrilha do Araguaia foi um foco de resistência à ditadura. Os jovens que participaram da guerrilha, na maioria militantes estudantis, eram considerados clandestinos pelo governo militar.
Em 1975, o governo brasileiro utilizou homens do Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícia Federal e Polícia Militar dos estados do Pará, Goiás e Maranhão para combater a Guerrilha. O foco de resistência foi completamente destruído. O combate deixou pelo menos 61 desaparecidos, de acordo com o Ministério da Justiça. Ainda hoje os corpos dos guerrilheiros são reclamados pelos seus familiares.