Com dois meses de atraso e após quase dois anos de negociações, a Light, principal distribuidora de energia do Estado do Rio de Janeiro, concluiu a renegociação de dívidas com 17 bancos no valor de 660 milhões de dólares e agora aguarda liberação de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O acordo com os bancos era condição fundamental para que o BNDES liberasse 200 milhões de dólares, no âmbito do Programa de Apoio à Capitalização das Distibuidoras de Energia Elétrica.
Para integrar o programa, a empresa teria que alongar prazos do principal da sua dívida, que em 30 de junho de 2004 era de 1,952 bilhão de reais. Além disso, a sua controladora, a francesa Electricité de France (EdF), terá que transformar em capital a dívida de 300 milhões de dólares contraída pela distribuidora carioca.
A renegociação feita pela Light, na avaliação de especialistas, vai trazer novo fôlego para a empresa e melhorar seu perfil para crédito. No curto prazo, afirma a analista de dívidas corporativas do banco ABN Amro, Luciana Massaad, a Light possui débitos de 2,8 bilhões de reais, incluindo vencimentos em moedas estrangeiras.
- Com os recursos do BNDES, a empresa vai honrar parte dessa dívida que vence em até 12 meses, o que é ótimo para ela...Reduzir o passivo em moeda estrangeira é muito bom - afirmou a analista.
Segundo Luciana, como parte das condições para receber o aporte do BNDES, a Light também deverá converter parte de sua dívida em moeda estrangeira --de cerca de 309 milhões de dólares-- em capital.
- Para o acionista minoritário pode causar uma certa diluição, mas ele vai participar de uma empresa bem melhor - avaliou ela.
Os bancos concordaram com prazos que vão de 18 a 54 meses e a conversão de parte da dívida em moeda estrangeira em moeda nacional, atingindo o mínimo exigido pelo BNDES, de 75 % do total da dívida em reais.
Na repactuação, o custo da dívida em reais será ajustado pelo CDI mais 2 % ao ano, e a parte em dólar, em Libor de três meses mais 3 % ao ano.
O pagamento de juros será feito trimestralmente, com carência apenas para o primeiro pagamento, que será feito em seis meses após a assinatura do contrato. Após o fechamento da operação com o BNDES, a Light fará o pagamento de 20 % da dívida com os bancos.
O s vencimentos dos débitos repactuados vencem em quatro anos, sendo o último pagamento em maio de 2009. O acordo prevê um período de carência de 18 meses, encerrando-se em maio de 2006.