Embora considere o resultado do PIB do 3º trimestre excepcional (+6,1%), o diretor de Estudos Macroeconômicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Paulo Levy, disse hoje que a expansão do PIB em 2005 estará condicionada à combinação de dois fatores.
O primeiro é que a contribuição das exportações líquidas para o crescimento tende a ser muito menor, senão negativa. Isso significa que as exportações devem continuar crescendo, mas as importações tendem a crescer de forma mais acelerada devido ao processo de investimento forte que, normalmente, é intensivo em importações, explicou.
Nesse particular, Levy destacou que ao contrário do que pensam muitas pessoas, esse aumento das importações não é ruim. "O Brasil é um país que, pelo seu nível de renda, ainda não pode se colocar na condição de exportador de capitais, que é aquilo que implica quando você tem superávit em conta corrente, como estamos tendo este ano. O importante é que essa situação se dê de forma sustentável", esclareceu.
A segunda questão está ligada à necessidade de se manter a inflação sob controle em níveis mais próximos das metas estabelecidas. Os dois fatores levam o economista do Ipea a prever para o próximo exercício um crescimento menor do que os cerca de 5% estimados para 2004, oscilando entre 3,5% a 4%.
Levy informou que o principal determinante da expansão é a questão da sustentabilidade. Ou seja, o fato de que o Brasil passou muito tempo sem investir. A recuperação dos investimentos que começou a ser observada agora não alivia necessariamente a questão da capacidade produtiva porque, em um primeiro momento, o investimento só gera mais demanda de bens de capital, por exemplo.
Ele destacou que só numa etapa posterior é que o investimento vira capacidade produtiva efetiva. "Então, nesse momento em que o investimento está crescendo é muito importante que se tenha sob controle os demais componentes da demanda, exatamente para que o crescimento possa ser sustentado ao longo do tempo".
Levy diz que crescimento do PIB em 2005 deve ser menor que o deste ano
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Quarta, 01 de Dezembro de 2004 às 14:47, por: CdB