Lava Jato: Dirceu deixa superintendência da PF
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Terça, 04 de Agosto de 2015 às 10:57, por: CdB
Por Redação, com agências - de Brasília:
Preso na segunda-feira na 17ª fase da Operação Lava Jato, o ex-ministro José Dirceu deixou a superintendência da Polícia Federal (DF) em Brasília nesta terça-feira, para embarcar para Curitiba, onde estão presos outros suspeitos.
Dirceu deve passar pelo exame de corpo de delito nesta quarta-feira. Ainda não há data para depoimento dele. Mais cedo, sete presos passaram por exame de corpo de delito em Curitiba. Do total, cinco foram presos preventivamente: Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão de Dirceu; o ex-assessor de Dirceu Roberto Marques; Júlio Cesar dos Santos, sócio minoritário da JD Consultoria até 2013; Olavo Hourneaux de Moura Filho, acusado pela Polícia Federal de receber quase R$ 300 mil do esquema de corrupção na Petrobras para o irmão Fernando Moura. O presidente da Consist Software, Pablo Alejandro Kipersmit, também está preso preventivamente.
Segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF), o lobista Fernando Moura teria indicado a Dirceu o nome de Renato Duque para a diretoria de Serviços da Petrobras, e de Celso Araripe para gerente na estatal. Araripe é investigado na Lava Jato de receber propina para providenciar aditivos em contrato da petrolífera com a Odebrecht.
“Governo não interfere”
O ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, disse nesta terça-feira que a Operação Lava Jato e a prisão do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu não afetam a credibilidade nem interferem nas atividades cotidianas do governo federal. Segundo o ministro, a prisão de Dirceu é “um fato decorrente de um processo de investigação que já vem há alguns meses”, e que por isso tem de ser tratada “com serenidade e sem qualquer tipo de interferência na nossa atividade cotidiana”.
- As autoridades do Poder Judiciário, a Polícia Federal e o Ministério Público conduzem a investigação. Cabe aos investigados tomar as providências que julgarem necessárias para se defender perante a Justiça - disse o ministro após participar da cerimônia de lançamento do Programa Usinas Digitais.
De acordo com Berzoini, o governo nunca impediu as investigações. “Ao contrário: o governo sempre manifestou publicamente seu apoio a todo tipo de investigação”, acrescentou.
O juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em primeira instância, pediu na segunda-feira ao Supremo Tribunal Federal a transferência de Dirceu para Curitiba, onde estão concentradas as investigações sobre o esquema de corrupção na Petrobras. A ida foi autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso.
A defesa de Dirceu ainda tentou evitar a transferência, mas o pedido foi negado. Para o advogado do ex-ministro, Roberto Podval, a decisão foi equivocada e Dirceu está sendo usado como "bode expiatório" no processo. "A prisão foi para dar um exemplo, e não pelos fins de uma prisão preventiva”, disse o advogado.
Dirceu é bode expiatório
Em entrevista coletiva na segunda-feira, o advogado de José Dirceu, Roberto Podval, rebateu as acusações feitas pelo juiz Sérgio Moro e afirmou que todos os pagamentos recebidos pela empresa de JD Consultoria referem-se a serviços devidamente prestados e contabilizados. Segundo ele, a prisão de Dirceu é política, pois não tem "justificativa jurídica" e que Dirceu se tornou um "bode expiatório" da Operação Lava Jato.
- A justificativa colocada me parece mais uma justificativa política - afirmou Podval, enfatizando que a prisão é uma reação "a uma pressão popular".
- Obviamente não vou culpar Sergio Moro, não acho que ele está aqui fazendo política, mas acho que ele, como qualquer ser humano, reage à pressão popular.
Segundo o advogado, a prisão de Dirceu já era esperada há meses, de acordo com boatos que corriam nos bastidores da investigação. "Eu confesso que já não sei o que é pior. Se é ser preso ou ficar em uma expectativa de uma prisão. É tão ruim, faz tão mal", afirmou Podval.
Sobre os pagamentos que serviram de justificativa para a prisão decretada por Moro, Podval informou que todas as justificativas foram dadas antecipadamente nos pedidos de liberdade que haviam sido feitos preventivamente pela defesa.
- Eu podia entrar no mérito de todos os pagamentos, mas falar um a um, não vou antecipar o mérito de nossa defesa. Nós justificamos todos os pagamentos. Dirceu tinha contrato com inúmeras empresas, tinha recebíveis das empresas, prestou serviço a elas e muitos dos empresários que falaram afirmaram isso - defendeu.
Em relação aos pagamentos feitos a Dirceu enquanto ele estava preso por conta da condenação do mensalão, Podval disse que eram recursos pendentes a receber dos serviços prestados durante sua liberdade.