A Justiça dos EUA determinou nesta quinta-feira que John Demjanjuk, condenado erroneamente no passado como sendo o guarda sádico de um campo de concentração nazista chamado de "Ivã, o Terrível", seja deportado para a Ucrânia, seu país natal, devido a seu envolvimento com o nazismo. O juiz Michael Creppy, do setor de imigração, decidiu que Demjanjuk não deve ser tratado injustamente na Ucrânia e que por isso pode ser deportado para o país.
Esse veredicto aparece três anos depois de a Justiça ter determinado que o acusado era um colaborador "voluntário" dos nazistas, tendo "se envolvido com a exploração e o extermínio" dos judeus na Polônia ocupada pelos alemães.
Demjanjuk, um operário de montadora de veículos aposentado que tenta manter sua cidadania norte-americana há 30 anos, pode apelar da decisão de deportação dentro de 30 dias. Ele argumenta que pode ser processado ou torturado se for enviado de volta à Ucrânia, ou para a Alemanha ou para a Polônia caso a Ucrânia recuse-se a aceitá-lo. Os advogados do acusado não puderam ser encontrados para se manifestar sobre a decisão.
- Depois de 30 anos, parece que algum grau de justiça foi finalmente atingido. E eu digo 'algum grau de justiça' porque, afinal de contas, estamos falando de alguém condenado como sendo um perseguidor nazista - afirmou Elan Steinberg, diretor-executivo emérito do Congresso Mundial Judaico.
Demjanjuk perdeu a cidadania norte-americana pela primeira em 1981 e foi extraditado para Israel, onde acabou condenado à morte em 1988 depois de sobreviventes do Holocausto terem identificado o réu como sendo o conhecido guarda "Ivã", do campo de concentração de Treblinka, onde foram mortas 870 mil pessoas. A Suprema Corte de Israel anulou a sentença de morte dele em 1993 e libertou-o depois de arquivos da União Soviética antes desconhecidos terem mostrado que um outro homem, Ivan Marchenko, era provavelmente o guarda sádico de Treblinka. Em 1998, os EUA devolveram a Demjanjuk a cidadania norte-americana, mas o Departamento de Justiça retomou o caso contra ele, argumentando que o acusado havia trabalhado para os nazistas em três campos de concentração. Demjanjuk perdeu a cidadania novamente depois de o Judiciário ter acatado, em 2002, os argumentos do Departamento de Justiça norte-americano. O homem, que dizia ter sido alistado no Exército soviético e ter se transformado em prisioneiro de guerra, foi condenado por mentir para conseguir entrar nos EUA. O caso então chegou às mãos de um juiz do setor de imigração para que Demjanjuk fosse deportado.