Os juízes encarregados do processo em que o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, é acusado de corrupção retiraram-se na quinta-feira para elaborar o veredicto do caso e o premiê italiano demonstrou confiança em sua absolvição.
O juiz presidente Francesco Castellano disse à corte de Milão (norte do país) que ele e os outros dois juízes do caso se retirariam para um hotel a fim de elaborar sua decisão final sobre o polêmico processo, iniciado cerca de cinco anos atrás.
"A sentença não deve sair antes da tarde de amanhã", afirmou.
Berlusconi, um magnata dos meios de comunicação, é acusado de ter subornado juízes de Roma no final dos anos 80 e em 1991 a fim de conseguir decisões favoráveis a Fininvest, seu império dos negócios.
"Eu não acho que haverá uma condenação", disse o primeiro-ministro durante a apresentação do livro de um ator italiano.
Os promotores pediram a condenação do premiê a oito anos de prisão e o banimento dele da vida pública para sempre. Um dos advogados do grupo empresarial de Berlusconi e um juiz foram condenados no mesmo caso no ano passado.
O dirigente, o primeiro da Itália a ser julgado por um crime, alega inocência e diz ser vítima de uma caça às bruxas realizada pelo Judiciário.
"É um bom sinal o fato de os juízes estarem se retirando por ao menos 36 horas. Isso significa que eles analisarão o caso com cuidado", disse um dos advogados de Berlusconi, Nicolo Ghedini.
Independente do veredicto, assessores do premiê deixaram claro que ele não pretendia renunciar.
O sistema judicial italiano prevê a possibilidade de haver ainda duas apelações antes de uma sentença definitiva ser promulgada. O processo pode levar anos para chegar ao fim.
De toda forma, uma condenação representaria um golpe para o prestígio do dirigente e seria uma bênção para a oposição, que se prepara para as eleições gerais de 2006.
Uma decisão desfavorável ao premiê também abalaria seu prestígio na comunidade internacional.
Berlusconi chegou a ser excluído do processo original, em que foram condenados o advogado e o juiz, depois de o Parlamento ter aprovado uma lei que lhe conferia imunidade.
A mais alta corte da Itália, porém, acabou anulando a lei e obrigando o premiê a responder às acusações.