Delator que deu origem às denúncias de corrupção sobre Temer, no entanto, resolve se calar diante dos senadores e deputados.
Por Redação - de Brasília
O empresário Joesley Batista, dono da empresa J&F, foi convocado para depor em duas comissões parlamentares de inquérito nesta terça-feira, às 9h. Preso desde setembro por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), Joesley Batista deve se calar diante dos senadores e deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES; e da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS. Mas sabe que será fustigado pelas perguntas mais diretas. Provocado, poderá responder a alguns questionamentos.
Joesley, e o irmão Wesley, também preso, teriam mentido e omitido informações no acordo de delação premiada firmado com a Procuradoria-Geral da República. O ministro do STF Luiz Edson Fachin suspendeu os benefícios do acordo.
Em ofício encaminhado à CPMI da JBS na quarta-feira, os advogados de Joesley Batista adiantaram que ele deve permanecer em silêncio; durante a reunião. Os defensores do empresário lembram que outras três pessoas convocadas para depor à comissão já ficaram em silêncio: Wesley Batista; o advogado Francisco de Assis e Silva e o ex-executivo da J&F Ricardo Saud.
“O exercício do direito ao silêncio é a clara posição a ser tomada diante da atual situação jurídica dos acordos de colaboração premiada. A decisão de manter a oitiva do ora requerente poderá acarretar elevados e desnecessários gastos públicos pela quarta vez”, argumentaram os advogados de Joesley Batista.
Sem força
Seguidos reveses na CPMI da JBS tem levado a um esvaziamento das investigações no Congresso. A Comissão deve perder ainda mais força na sua tentativa de responsabilizar ex-integrantes da cúpula da Procuradoria-Geral da República (PGR). O relator tenta mostrar irregularidades nas tratativas que resultaram no acordo de colaboração premiada dos executivos da empresa.
A principal derrota foi a decisão do ministro Dias Toffoli, do STF, de suspender o depoimento do procurador regional da República Eduardo Pelella; ex-braço direito de Rodrigo Janot, chefe da PGR quando o acordo foi assinado. Após a decisão, parlamentares passaram a admitir a possibilidade de desistir de ouvir Janot; depoimento inicialmente considerado crucial para os trabalhos da comissão.
O colegiado tem pouco menos de um mês de trabalhos pela frente. A expectativa, agora, resume-se aos depoimentos do ex-procurador Marcelo Miller e do dono da JBS, Joesley Batista. Miller, no entanto, obteve uma liminar no Supremo, concedida pelo ministro Gilmar Mendes. Esta o desobriga a falar sobre assuntos que possam o incriminá-lo. Joesley, por sua vez, pediu que cancelassem do seu depoimento, mas não foi atendido.