Israel e a Organização das Nações Unidas (ONU) estão negociando a participação de soldados israelenses nas forças de paz da entidade, que se torna possível graças à recente melhora nas relações entre o país e o fórum mundial, disseram autoridades na terça-feira.
Israel atualmente não está entre os 117 países que enviam forças para controlar zonas de conflito em todo o mundo. Algumas autoridades israelenses atribuem isso a um histórico de turbulentas relações com a ONU, cuja Assembléia Geral costuma aprovar resoluções contra as políticas do Estado judeu.
O porta-voz da chancelaria Mark Regev disse que a idéia de deslocar soldados para as tropas de paz surgiu na década de 1990, mas só recentemente ganhou um novo impulso.
- À luz da nossa melhor postura na ONU, estamos explorando uma maior participação como membro e um maior envolvimento em várias agências da ONU. Essas conversas são apenas preliminares, afirmou.
A desocupação israelense da Faixa de Gaza em setembro, após 38 anos de presença militar na região, atenuou a imagem de Israel na ONU, que faz parte do chamado quarteto de mediadores no Oriente Médio, junto com Estados Unidos, Rússia e União Européia.
Neste mês, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, cancelou uma visita a Teerã depois que o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse que Israel deveria ser "apagado do mapa".
Segundo Regev, as tropas israelenses, testadas em várias guerras, podem ser especialmente úteis em atividades como a retirada de minas terrestres.
Manca Francesco, porta-voz em Jerusalém da Organização de Supervisão de Trégua, um órgão da ONU, disse ter conhecimento das negociações. - Sei que isso foi apresentado, mas a esta altura não foi formalizado, afirmou.
Durante estes cinco anos de confronto contínuo com os palestinos, nos quais Israel resistiu aos apelos árabes para que a ONU enviasse tropas de paz à Cisjordânia e à Faixa de Gaza, várias resoluções contra os israelenses foram aprovadas na Assembléia Geral.
No Conselho de Segurança, porém, Israel conta com o sólido apoio dos Estados Unidos, que vetam as resoluções da Assembléia.
O jornal israelense Yedioth Ahronoth disse que o eventual envio de tropas de paz israelenses exigirá a alteração de leis que atualmente limitam à segurança nacional a atuação dos militares