O vice-primeiro-ministro israelense levantou a possibilidade de antecipar o início da retirada de Gaza, a fim de evitar que oponentes do plano ameacem sua realização.
A marcha de milhares de manifestantes em direção aos assentamentos de Gaza foi dissipada na noite desta quarta-feira, depois que forças de segurança bloquearam o caminho, mas a polícia de Israel disse que prendeu cerca de 300 pessoas que tentavam se infiltrar na região ocupada durante a madrugada.
A retirada dos assentamentos está programada para começar em meados de agosto, mas autoridades estão cada vez mais preocupadas com a possibilidade de dar aos ultranacionalistas mais tempo para preparar manifestações e fomentar a resistência de colonos radicais de Gaza.
- Definitivamente estou cogitando a possibilidade de antecipar a data. Os acontecimentos dos últimos dias mostraram a direção da natureza dos conflitos e protestos - disse o vice-premier, Ehud Olmert, à Rádio Israel.
Uma fonte do governo disse que o primeiro-ministro Ariel Sharon também está preocupado com um derramamento de sangue entre israelenses e palestinos e pode debater mudanças no calendário da retirada com a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, que começa nesta quinta-feira uma visita à região.
Qualquer tentativa de adiantar a retirada aprofundará a resistência dos colonos religiosos e de seus simpatizantes, que acreditam que os judeus têm direito bíblico em Gaza, onde 8.500 judeus vivem isolados em meio a 1,3 milhão de palestinos.
Isso também pressionaria ainda mais o Exército e a polícia, que ainda não completaram os preparativos para a retirada.
Os recursos das forças de segurança foram levados ao limite nesta semana, durante o maior confronto até agora com manifestantes contrários ao plano.
Liderados por rabinos de direita, 6.000 manifestantes que se reuniram na aldeia de Kfar Maimon, no sul de Israel, durante três dias, se concentraram nos portões do local na noite de quarta-feira. Mas os conflitos do dia anterior não se repetiram.
- Sentimos que neste momento não é prudente confrontar a polícia e o Exército - afirmou Benzi Lieberman, chefe do conselho de colonos YESHA.
Nesta quinta-feira, somente algumas centenas de pessoas continuam no local, a 15 quilômetros do bloco de assentamentos de Gush Katif, o principal de Gaza.
Apesar de alguns confrontos em Kfar Maimon, que se tornou símbolo da resistência ao plano de Sharon, o movimento dos colonos prometeu que não vai usar a violência.
Os Estados Unidos querem que a retirada seja tranquila e ajude a retomar as negociações do "mapa do caminho", plano de paz apoiado pelo país.