Tanques israelenses, com o apoio de helicópteros e artilharia pesada, entraram na Faixa de Gaza nesta quarta-feira, aumentando a pressão para que militantes palestinos libertem o soldado seqüestrado, Gilad Shalit.
Ao som de metralhadoras pesadas, veículos blindados entraram em Gaza perto da cidade de Rafah, no sul do território, menos de um ano após Israel retirar milhares de soldados e colonos da região, após 38 anos de ocupação.
Não foram registrados combates diretos, nem vítimas. Forças israelenses estacionaram no aeroporto internacional de Gaza, que está fora de uso mas é um ponto estratégico, aparentemente esperando para ver se os militantes que mantêm o soldado Gilad Shalit como refém vão libertá-lo sem luta.
Em suas primeiras declarações públicas desde que a operação começou, o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, disse que as atividades militares em Gaza vão continuar "nos próximos dias" e que Israel "não hesitará em tomar medidas extremas" para garantir a libertação do soldado.
- Não temos intenção de recapturar a Faixa de Gaza. Não temos intenção de ficar lá. Temos um objetivo central, que é trazer Gilad para casa - disse.
Israel lançou a ofensiva três dias depois do sequestro de Shalit em uma ação realizada por homens armados palestinos. Aeronaves israelenses atacaram três pontes em estradas importantes de Gaza. Segundo o Exército, a medida é uma tentativa de evitar que os militantes movimentem o refém.
Um ataque com helicóptero na principal usina elétrica de Gaza lançou chamas ao céu e cortou a eletricidade na maior parte do território costeiro de 1,4 milhão de habitantes.
Um líder do Hamas, grupo islâmico palestino que está no governo, exortou seus combatentes a confrontarem os israelenses.
- Lutem contra seus inimigos, que vieram para a morte. Peguem seus fuzis e resistam - disse Nizar Rayan em mensagem por rádio.
Outro grupo ameaçou matar um colono judeu que afirma ter sequestrado na Cisjordânia, caso Israel continue com a ação.
Ponto de observação
Liderados por escavadeiras para limpar bombas e armadilhas, tanques e veículos blindados com luzes fortes estabeleceram o que o Exército chamou de ponto de controle e observação no aeroporto, pouco depois da fronteira. Outras unidades estão de prontidão para entrar no centro e no norte da Faixa de Gaza.
- Queremos dar aos palestinos espaço para respirar - disse o capitão Jacob Dallal, porta-voz do Exército de Israel.
- Não queremos uma situação em que faremos muita coisa e prejudicaremos a segurança de Shalit - ressaltou.
Dois soldados israelenses e dois militantes foram mortos na ação de domingo, realizada por homens de três facções, incluindo do Hamas, que entraram em Israel através de túneis. A crise levou o relacionamento entre Israel e os palestinos ao pior ponto desde a retirada de Gaza.
Também representa o maior teste até agora para Olmert, político de carreira com pouca experiência em segurança.
Na terça-feira, o Hamas chegou a um acordo político com o presidente Mahmoud Abbas, mais moderado, mas rejeitou as sugestões de que o plano significa o reconhecimento de Israel ou o fim de sua promessa de destruir o país.
Na Faixa de Gaza, palestinos armados reuniram-se em trincheiras. Eles bloquearam as ruas com sacos de areia e espalharam bombas improvisadas.
Alguns palestinos começaram a estocar comida, mas donos de supermercados disseram que muitos não podem gastar porque cerca de 165 mil funcionários públicos não recebem salários há quatro meses, devido às sanções internacionais contra o governo do Hamas.
- Peço para os sequestradores não entregarem o soldado, não temos nada a perder - disse o servidor público Ali Abu Khaled.
Há pouca informação sobre Shalit. O braço armado do Hamas ofereceu liberar detalhes sobre ele se Israel libertasse menores de idade e m