Nesta quarta-feira, os palestinos levaram mais um golpe de Israel, no que tange julgamentos unilaterais e conseqüente represálias. Foram "confiscados" de quatro bancos na Cisjordânia, na capital administrativa Ramallah, valores que variam de US$ 8 milhões a US$ 11 milhões. Segundo pessoas que estavam no local, soldados israelenses cobriram as câmeras do circuito interno de segurança pela manhã e logo em seguida apresentaram um documento permitindo que peritos investigassem centenas de contas enquanto os funcionários ficavam "detidos" em uma sala.
Durante a incursão, a população local revidou com pedras enquanto os soldados jogavam balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio, 42 palestinos ficaram feridos.Segundo o Governo israelense, o dinheiro "confiscado" era de contas que alimentavam grupos terroristas e provinham do Irã, Síria e do grupo extremista, Hizbollah (baseado no Líbano).
Para o primeiro-ministro palestino, Ahmed Qorei, o que fez o Exército israelense, "só é próprio da máfia e só os mafiosos entram em bancos e confiscam documentos da maneira que Israel o fez". O exército decretou toque de recolher no centro de Ramallah e fechou estradas, inclusive as que levam até Mukata, quartel-general do presidente palestino, Yasser Arafat, onde estava marcada para hoje uma reunião do Conselho Revolucionário do Fatah, a primeira desde que começou a segunda intifada, em 2000.
Um dos motivos da invasão, segundo o governo israelense, era procurar provas contra Arafat, de que ele estivesse envolvido em recebimento de verbas para grupos extremistas. Israel tenta ligar o presidente da Autoridade Palestina (ANP) à grupos terroristas para conseguir pedir seu afastamento total da liderança palestina. Apesar do poder de Arafat já não ser mais o mesmo e ele próprio enfrentar a reação da população, que exige uma posição mais firme de sua parte. Na prática, o premiê palestino se enfraqueceu quando grupos como Hamas e Jihad Islâmica começaram a "fazer justiça com as próprias mãos" e revidar os ataques israelenses.
De qualquer maneira, atitudes como a construção do muro, o "confisco" (que poderia ter outro nome) de dinheiro vivo de bancos são típicas de Ariel Sharon, que está sendo acusado de tantos desvios de verbas e recebimento de propina, que o seu próprio partido já começa a pedir a sua cabeça. Seus últimos atos, inclusive a remoção das colônias judaicas da Faixa de Gaza, têm sido vistos como tentativas para desviar a atenção do difiícil período político pelo qual está passando.