Israel desmentiu categoricamente neste domingo que faça espionagem nos Estados Unidos, como acusa a imprensa americana, mas se preocupa com as possíveis conseqüências do boato, revelado a menos de três meses das eleições presidenciais americanas.
Os Estados Unidos são os melhores aliados de Israel e os serviços de inteligência israelenses não precisam espionar neste país, afirmou uma pessoa ligada ao primeiro-ministro Ariel Sharon, desmentindo a acusação de que o Estado hebreu tenha um espião no Departamento americano de Defesa.
- Não temos nada a ver com essas acusações de espionagem. Trata-se de um assunto interno dos Estados Unidos, que já está se desinflando - afirmou a fonte, que pediu para não ser identificada - Israel não utilizou um agente para espionar nos Estados Unidos, já que este país é seu melhor aliado - acrescentou, precisando que "fontes do gabinete do Chefe de Governo desmentiram categoricamente as acusações".
A fonte se referia às revelações do jornal Washington Post de que o suposto espião seria Larry Franklin, um funcionário do Pentágono prestes a se aposentar, especializado em Oriente Médio e sul da Ásia, que antes trabalhava para os serviços de inteligência militar.
O deputado israelense Ehud Yatom, membro da subcomissão parlamentar que supervisiona as atividades dos serviços de inteligência, afirmou que nunca havia escutado o nome de Franklin. "Israel não precisa recorrer a esse tipo de agente", disse.
- Se os americanos não nos dizem tudo, nos transmitem todas as informações indispensáveis. Há relações muito abertas entre o Comitê de Assuntos Públicos Americano-Israelense (Aipac) e o governo americano, e pode ser que tenha acontecido um mal-entendido, mas isso não tem nada a ver com nossos serviços de inteligência - acrescentou Yatom, deputado do Likud (direita) à rádio militar.
"Nossa influência nos Estados Unidos é um mito, mas é evidente que este caso vai prejudicar os judeus americanos", disse Itamar Rabinowitch, ex-embaixador de Israel em Washington. Segundo ele, o caso Franklin está ligado "às próximas eleições presidenciais americanas e à polêmica nos Estados Unidos sobre a guerra no Iraque".
Rabinowitch fez uma referência às acusações de alguns políticos americanos de que os neoconservadores que cercam o presidente George W. Bush iniciaram a guerra no Iraque para beneficiar Israel, pressionando agora para que Washington atue no Irã.