Advogados de 14 famílias iraquianas que disseram ter tido parentes mortos injustamente por soldados britânicos no pós-guerra no Iraque entraram com processos junto à Justiça da Grã-Bretanha nesta quarta-feira.
O Ministério de Defesa britânico recusa-se a aceitar a responsabilidade pelas mortes, mas os advogados das famílias exigem que o poder Judiciário avalie se as mortes constituíram uma violação do direito à vida.
"Apelaremos à Justiça para que faça uma declaração de que esses casos envolvem assassinatos ilegais e para que conceda uma indenização às famílias", afirmaram os advogados em um comunicado.
O Ministério de Defesa, atualmente sob pressão devido à divulgação de fotos mostrando soldados britânicos supostamente torturando prisioneiros iraquianos, diz ter respondido às indagações dos advogados.
"Não aceitamos ser responsáveis por essas mortes e escrevemos para eles comunicando-lhes nossas razões", afirmou um porta-voz. Phil Shiner, um dos advogados envolvidos no caso, disse que até agora não havia sido realizada nenhuma investigação independente sobre as mortes.
"Os parentes dos iraquianos mortos têm o direito de saber se haverá um inquérito", afirmou.
Shiner também disse que muitas das vítimas estavam em casa ou levavam suas vidas normalmente quando soldados chegaram e atiraram nelas.
"Um homem estava trabalhando em uma fazenda. Outro estava pescando em um rio. Outro estava voltando para casa em seu carro quando foi morto", afirmou o advogado. "Os soldados e o Ministério de Defesa não podem escapar impunemente com essas matanças".
Segundo Shiner, como a guerra contra o Iraque havia terminado oficialmente no momento das mortes e como a Grã-Bretanha era uma força de ocupação, a Convenção dos Direitos Humanos da Europa se aplicava aos casos.