Os inspetores das Nações Unidas não encontraram provas que corroborassem as acusações dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha de que o Iraque possui armas de destruição em massa, declarou nesta quinta-feira o general Hossam Mohammed Amin, diretor da Comissão Nacional de Monitoração iraquiana. "Os inspetores não conseguiram encontrar qualquer prova que respaldasse as alegações norte-americanas e britânicas de que o Iraque está ocultando ou estocando armas proibidas", afirmou Amin. "Pelo contrário, os resultados das inspeções reiteram a credibilidade das declarações iraquianas", insistiu. Desde o início das inspeções, em 27 de novembro, Amin disse que as equipes da ONU vistoriaram 188 instalações e que o Iraque tem cooperado plenamente com os inspetores que, segundo ele, normalmente avisam em cima da hora sobre os locais que pretendem visitar. "As equipes de inspeção puderam coletar uma grande quantidade de materiais para detectar qualquer atividade nuclear proibida", acrescentou Amin. "Todas essas atividades não forneceram evidências diretas ou indiretas de que as alegações norte-americanas ou britânicas estão corretas". Além disso, Amin negou a alegação do primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, de que o Iraque poderia ter transferido seus arsenais proscritos para a Síria a fim de escondê-los dos inspetores de armas. "Eles estão mentindo para fins domésticos", respondeu. "Há uma agenda interna na entidade sionista relacionada à realização das eleições nacionais". Amin afirmou que a lista de cientistas a ser entregue à Comissão de Monitoração, Verificação e Inspeção da ONU (Unmovic) no início da próxima semana estaria pronta dentro de "dois ou três dias". Mas "caberá aos indivíduos escolher se se submeterão ou não às entrevistas", acrescentou. "Nós não podemos forçar as pessoas a aceitar entrevistas se elas não quiserem ou estiverem dispostas. Não obrigaremos ninguém a participar". Amin concedeu a entrevista após os inspetores retornarem nesta quinta-feira à Universidade Técnica de Bagdad, onde entrevistaram mais cientistas. O reitor da universidade disse que os inspetores solicitaram à administração uma lista de seus cientistas. Ele disse que os inspetores conversaram com os diretores dos departamentos da universidade e com outros funcionários. "Eles sabiam exatamente o que queriam", relatou. "Eles buscavam detalhes". O reitor contou que os inspetores também vistoriaram o equipamento que havia sido etiquetado na mais recente rodada de inspeções, encerradas em 1998. Durante uma reunião de Gabinete, o presidente Saddam Hussein criticou a democracia norte-americana, afirmando que estava longe de ser perfeita e não precisava ser copiada. Ele disse que os iraquianos estavam mais preocupados em suprir suas necessidades diárias do que em ter antenas parabólicas.
Iraque: inspetores da ONU estão saindo de mãos vazias
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Quinta, 26 de Dezembro de 2002 às 22:56, por: CdB